“Antigamente, as vindimas eram celebradas como uma festa de convívio entre amigos e família, onde todos se reuniam ao som de música folclórica e partilhavam a experiência de vindimar, seguida de merecidas refeições”.
Esta citação aparece no Google quando se abre o tema das vindimas e como se fosse uma tradição do passado. Correio de Caria foi convidado para participar numa vindima, no passado domingo 24 de setembro 2023 e foi precisamente este o clima que se viveu.
Chegados à quinta nas Barrentas de Caria, já o Sol ia alto, porque jornalista não gosta de levantar cedo, a primeira grande surpresa, começa na grande quantidade de carros estacionados na envolvente dos caminhos de acesso. Depois uma enorme mesa, começava já a ser montada no alpendre. Dentro da cozinha já se ouvia enorme “chilrear” das mulheres: cozinheiras, ajudantas, subajudantes, voluntárias da copa etc. etc.
Contornamos a casa e se vê na adega o serviço de esmagamento de uva em continuidade como se de uma “Adega Cooperativa” se tratasse com quatro ou cinco operadores, todos com funções bem definidas.
Seguimos o carreiro agrícola e vamos ter à vinha “quase uma para cada videira!”, exclamou o repórter. Tal era o contingente que de tesoura numa mão e cacho de uva na outra, soltava cada um seu gracejo e desenvolvia conversa. Um tom de voz daqueles que são próprios dos dias de festa, tipo os tons do Natal, da Páscoa, matança do porco… os que são de cá percebem.
Nos vindimadores estão as caras conhecidas cá da zona, as caras do bairrismo, das irmandades, do comércio local, das festas, festinhas e festarolas…. Parecia estar a comunidade inteira.
Não tardou muito que estivesse tudo colhido e então, como diz o texto, há que preparar para a “merecida refeição”, até porque lá, na cozinha “o chilrear” é menos intenso quer dizer que também está quase. Contagem e recontagem e tem de se acrescentar a mesa para que haja lugar para todos…
Parecia “uma Ceia dos Cardeais” saborosas entradas, bons vinhos branco e tinto e no menu, é que já não são as saudosas sopas de grão ou feijoadas de outrora, porque tudo se modernizou. Agora serve-se arroz de marisco e leitão no segundo prato e como tudo é semelhante com a boda de um casamento, vêm os “postres” com grande variedade de sobremesas; café, digestivos diversos e … a conversa, o convívio a habilidade de quem “imita o galo”; uma lengalenga; ou um relato declamado de um capítulo da nossa história…Uma autêntica tertúlia a coroar toda a festa que é, o que ainda são, as vindimas na nossa terra.
jhs