No âmbito de uma publicação que a ex-deputada e ex-coordenadora do Bloco de Esquerda está a preparar, enquadrada nos 50 anos do 25 de Abril, realizou-se neste domingo no auditório da Junta de Freguesia de Vila do Carvalho, um colóquio debate sobre os territórios do Interior, com especial ênfase para a problemática dos incêndios.
Na mesa tomaram parte o presidente da Assembleia de Freguesia, Jorge Santarém; o presidente da Junta de Freguesia, Pedro Leitão, a 2ª secretária do executivo, Rosália Martins, com a função de fazer uma síntese final das intervenções e a palestrante convidada, Catarina Martins.
Uma casa cheia de fregueses que aderiram ao apelo do Presidente da Junta nomeadamente, várias pessoas que foram atingidas pelos incêndios de 2017 e 2022 e os representantes das associações e forças vivas da freguesia.
Feitas as apresentações formais e honras da casa pelos presidentes da Assembleia e da Junta de Freguesia, Catarina Martins explicou o propósito deste seu trabalho e agradeceu tanto a receção como a adesão da população a este encontro.
Seguiu-se um momento de intervenções onde vários fregueses atingidos pelos incêndios descreveram as suas realidades, tanto no que perderam, como nos apoios que tiveram e as burocracias e demora a que estiveram sujeitos. A palavra também para os dirigentes associativos que descreveram a realidade do tecido social desta freguesia, fortemente atingida pelo envelhecimento social, o isolamento e baixo rendimento das suas populações e sujeita ainda ao flagelo dos incêndios
Numa síntese muito precisa e concisa, a secretária da Junta de Freguesia destacou do debate as seguintes linhas de força:
-As famílias foram prejudicadas com os incêndios no decorrer e à posteriori, com as inundações criadas pelos incêndios.
– A maioria dos apelos foram para a prevenção e a necessidade de apoios à prevenção.
– Necessidade de organização e responsabilização sobre os baldios e os terrenos abandonados.
– Responsabilização das entidades públicas pelos acessos, caminhos agrícolas, canadas e acessos públicos.
– Necessidade de apoio aos proprietários com baixos recursos, para a limpeza dos terrenos e ações de prevenção.
– Necessidade de desburocratização dos processos de pedidos de apoio para as famílias prejudicadas pelos incêndios.
– Criação de um Simplex para o Interior por forma a facilitar a construção e a reabilitação das propriedades.
– Ouvir as pessoas, conhecendo as suas realidades, as condições em que vivem e os meios de que dispõem para concretizar planos para cada situação.
. Introduzir um diálogo permanente entre as instituições e a sociedade civil de um modo geral.
Na abertura da sessão e no final deste ciclo de intervenções, tiveram lugar dois momentos musicais, pela jovem violinista Susana Saraiva, transmitidos em direto na nossa pagina de facebook.
No final Catarina Martins destacou a necessidade de se alterar a lógica do sistema nos serviços públicos e do Estado. Em vez de este aprovar os diplomas e ficar á espera de quem se candidate, se descentralizem estes serviços e sejam os próprios funcionários a ir ao encontro das pessoas e os ajudarem a preparar as formas de apoio que necessitam. A ex-deputada defendeu igualmente a necessidade de alteração da lógica dos PDMs, bem como a necessidade de uma alteração da lei da propriedade e do emparcelamento. Defendeu ainda uma “politica climática real”, salientando que se o interior fornece água, madeira e energia para uma parte significativa do País, deve ser ressarcido nas suas necessidades, onde o Pais terá de pagar a preservação do território e da paisagem. “Caro fica não ter água, caro fica ter incêndios… Aquilo que é pior é termos um território que não conseguimos administrar e fica abandonado… A riqueza da água vai daqui, a riqueza tem de ser distribuída …”, disse em Vila do Carvalho a ex-deputada bloquista que rematou quase com o slogan do Correio de Caria dizendo “Há aqui muita Força” … “É a Força do Interior” dizemos nós…
jhs
