Grow Life – Projeto Agrícola Biológico de Micro Vegetais, nos Três Povos

André Figueira é um jovem de 22 anos, natural dos Três Povos que acredita na sua valorização e na valorização da sua terra, por isso nunca pensou no futuro fora daqui, até há pouco tempo dinamizou um grupo de BTT “BTT -Povos”. Frequentou no Fundão o Curso de Apoio Psicossocial, mas a sua primeira experiência de trabalho foi no setor da fruticultura, numa empresa do Fundão, onde trabalhou três anos.

 O uso de herbicidas e pesticidas na exploração intensiva da terra, era coisa que o incomodava, até que a partir de um programa de televisão sobre a produção de alfaces em agricultura vertical, começou a ter curiosidade por este modelo inovador de produção agrícola em modo biológico e desenvolveu uma intensa pesquisa que o levou ao conhecimento para a criação de um modelo de produção de micro vegetais, uma espécie de estufa num ambiente totalmente isolado da poluição exterior, onde são criados vegetais, micro vegetais e ervas aromáticas, “descobri isto e apaixonei-me por isto”.

“E uma coisa ainda rara e pouco vista em Portugal” – Conhece alguns produtores deste modelo? “Aqui na zona não, mas em Lisboa há alguns, em Torres Vedras há um e no Porto outro, nunca os visitei, mas tenho contato através do meu fornecedor que também descobri pela internet”

Trata-se de uma espécie de tabuleiros empilhados onde pequenos seres vivos vão crescendo e desenvolvendo a partir de sementes, germinadas em “climas” criados pelo homem onde tudo é controlado desde a temperatura à humidade, da água à luz.

Aqui encontramos tabuleiros com dois tipos de rabanetes, mostarda, girassol, ervilha, repolho roxo, amaranto e uma nova modalidade de origem indiana, também muito usada na cozinha gourmet. Servem para saladas, tempero e acompanhamento de variadíssimos pratos, tanto de carne como de peixe e ainda para fins medicinais e terapêuticos.

Segundo nos revelou André, estes produtos atingem o tamanho para ser comercializados em apenas 15 dias e passam por vários processos para controlar o seu crescimento e proporcionar uma colheita o mais homogénea possível.

A base para a cama das sementes é feita por um substrato de casca de coco, sobre a qual se colocam as sementes, com uma temperatura ambiente à volta dos 20 a 25 graus e uma humidade relativa de 50 a 60% e uma circulação de ar permanente que é feita por uma ventoinha.

Numa primeira fase as sementes são colocadas num tabuleiro fechado e comprimido com uma tampa para permitir uma germinação homogénea das sementes. A fase seguinte é a do primeiro crescimento, onde o tabuleiro ainda fechado alivia as plantas e as obriga à procura da luz.

Numa terceira fase os tabuleiros são colocados em prateleiras com luz led, controladas por um temporizador ficando 17 horas por dia ligadas e sete horas desligadas, substituindo a luz solar e proporcionado melhores resultados do que a mesma, uma vez que a luz led só emite os espectros luminosos das cores que são absorvidos pelas plantas.

A concentração de nutrientes, vitaminas e antioxidantes até 40 vezes mais concentrados que na fase madura, conforme descrição da eco-growing que transcrevemos em caixa.

As instalações desta “Jungle Box” improvisada foi feita numa sala com cerca de 30m2, na vivenda cedida por um familiar emigrado, onde o promotor instalou o seu equipamento e faz a sua produção.

O projeto Grow Life de André Figueira, tem como objetivo vender para os chefes de alta cozinha, restaurantes comuns, hipermercados e supermercados. Em apenas dois meses já fornece clientes no Fundão, Covilhã e Belmonte, entre consumidores particulares e restaurantes como: o “Papas e Migas” em Alcaria; o “Ao Pé da Bica” em Aldeia de Joanes”; o “Paço Sem Pressa”; e o “Hotel D. Maria”, na Covilhã; a “Tasca 77”; o “Fio de Azeite”, em Belmonte; o “Restaurante Quinta da Bica” e a Pousada de Belmonte; “no Fundão estou à espera de várias respostas, mas tenho bastantes particulares”. Os chefes da alta cozinha já conheciam e outros tinham ideia do produto, mas é também um mercado que com a pandemia do Covid tem estado em grande contenção sobretudo para um produto que “também não é para o bolso de toda a gente”, revela.

Em termos de preços, os micro vegetais são comercializados a 4,50€ o lote de 50gramas ou 7€/100 gramas, ao consumidor particular e a 3,60€/50g e 5.60€/100g. para restaurantes e revenda.

A terça-feira é o dia da semana dedicado às entregas, onde André Figueira, conta já com um razoável número de clientes fidelizados que previamente lhe fazem chegar as suas encomendas.

Em termos de futuro, André Figueira, pretende a certificação da sua produção como Produto Biológico, a qual conta ter já em janeiro e que lhe permitirá a consolidação da sua marca e a creditação nos mercados, nomeadamente as grandes superfícies. Assim como a expansão do negócio, desde a construção do seu próprio pavilhão com várias estufas, para a qual já tem o terreno em vista, assim como a criação de vários postos de trabalho, para já o seu irmão Ruben Figueira que já começou a colaborar com ele e será o próximo trabalhador da empresa. “…Já tenho aqui algum dinheiro investido que corresponde às economias do trabalho de três anos quando andei nos pêssegos, estou próximo de conseguir tirar o meu ordenado, mas tenho de pensar que vou precisar de suportar mais um”. Manifesta na confiança de que aos poucos o sonho se torna realidade “sempre sonhei ter a minha empresa e pronto, não há impossíveis”.

No espaço de dois três anos quer experimentar outro segmento que é o das flores comestíveis, um produto que começa a ser usado na decoração de pratos e para festas, “mas para já são os micro vegetais” realça com o sorriso de quem pensa longe, mas quer os pés assentes na terra.

Inquestionavelmente este tornou-se o modelo de negócio e o projeto de vida deste jovem de 22 anos natural dos Três Povos, a alimentar este sonho tem contado com o apoio da Mãe e toda a família, nomeadamente o tio que lhe emprestou a casa, mesmo os amigos “não sendo muito virados para a agricultura, reagiram bem”. Sobre o porquê de desenvolver este projeto tão singular e inovador nos Três Povos, André Figueira referiu, “porque é a minha terra, não podemos deixar morrer isto, já quando foi do BTT também foi por isso”. Acredita no seu potencial e no das pessoas que cá vivem, como “Uma Força do Interior”, realçámos nós e concordou…

jhs.   

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Micro vegetais: Os microvegetais são rebentos de sementes vegetais germinados e colhidos na sua fase inicial de crescimento, trata-se da fase mais nutritiva, são ricos em vitaminas, aminoácidos, enzimas, clorofila e antioxidantes, produzido de forma biológica e sustentável.
Os microvegetais podem fornecer uma variedade de sabores, tais como o doce e o picante. Também são conhecidos pelas suas variadas cores e texturas e são óptimos para decoração de pratos ou para serem consumidos em saladas, sopas, sandes e batidos.Os Micro vegetais são uma forte tendência tendo em conta o seu alto valor nutricional.
Os Micro vegetais já não são vistos pelos chefes de alta cozinha como uma simples decoração de prato, mas sim como um alimento altamente nutritivo.
Recentes estudos comprovam que nesta fase de crescimento (germinados, micro vegetais) conseguimos receber nutrientes, vitaminas e antioxidantes até 40 vezes mais concentrados que na fase madura.
Os microvegetais são produzidos a partir de vários tipos de vegetais, ervas ou outras plantas. Podem atingir entre 3 a 15 cm desde o caule e até as folhas dependendo da variedade escolhida. Os microvegetais têm apenas um único caule central cujo corte deve ser feito logo acima da linha do solo durante a colheita.
No seu processo de crescimento, os microvegetais desenvolvem folhas de cotilédone que se caracterizam por folhas verdadeiramente pequenas e parcialmente desenvolvidas. 
São estruturalmente diferentes das outras folhas, uma vez que cumprem uma função especial para a subsistência deste ser vivo, contribuindo com as suas reservas de nutrientes para alimentar a embrião vegetal em desenvolvimento dentro da semente, enquanto esta não conseguir produzir a quantidade suficiente de nutrientes através da fotossíntese.
No início de 2014 foram publicados vários estudos que identificam o teor nutricional e a vida útil dos microvegetais. Vinte e cinco variedades foram testadas e os principais nutrientes medidos foram o ácido ascórbico (vitamina C), tocoferóis (vitamina E), filoquinona (vitamina K1) e betacaroteno (um precursor de vitamina A), além de outros carotenoides relacionados com os cotilédones.
Os cientistas da ARS – Agricultural Research Service analisaram os principais nutrientes de 25 variedades diferentes de microvegetais e descobriram que os microvegetais de repolho vermelho apresentavam as maiores concentrações de vitamina C. Os microvegetais contêm níveis consideravelmente maiores de vitaminas e carotenóides – cerca de cinco vezes mais do que os equivalentes da planta crescida.
Atuam na prevenção de várias doenças tais como, diabetes, cardiovascular, alzheimer, obesidade e reduz o risco de vários tipos de cancro.

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