Ministra da Cultura, anuncia em Belmonte que obra de Zeca Afonso vai ser classificada como “bem de interesse nacional”

Na cerimónia de homenagem a Zeca Afonso, em Belmonte, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, anunciou que o seu ministério vai avançar  com o processo de classificação da obra de Zeca Afonso, “como um conjunto de bens móveis de interesse nacional”.

A ministra referiu que “Pouco atreito a homenagens, Zeca Afonso sempre preferiu juntar pessoas, reunir pessoas, estar com as pessoas, a música de Zeca Afonso tem essa particularidade, esse sentido de comunidade, a sua sonoridade convida à partilha, a sua música foi ponto de encontro para os portugueses… seus  poemas e os seus sons são testemunhos daquela hora decisiva, em que o rumo inalterável da mudança nos devolveu a todos a liberdade” “…Zeca sabia que o que era importante é inquietar as gentes, porque gente inquieta faz uma praça de gente madura”, referindo depois que “o Ministério da Cultura anunciara no dia 1 de Agosto a decisão de classificar a obra de Zeca Afonso, como um conjunto de bens móveis de interesse nacional” salientando que esta é é a primeira vez que se inicia um processo de classificação de uma obra fonográfica. Uma iniciativa que o Ministério da Cultura iniciou em finais de 2018, em estreita articulação com a família do artista, e desde 2019, com o Arquivo Nacional do Som, que tem procurado desenvolver todas as acções para encontrar uma solução que garanta a salvaguarda deste património sonoro. A abertura do processo de classificação da sua obra assegura-nos finalmente a preservação deste acervo patrimonial com uma importância única para o País, porque Zeca Afonso e a sua música estão num cruzamento entre as nossa tradições populares, a nossa história recente e também um desejo perante de comunidade e de liberdade. Portugal é só um através de Zeca”.

Agradecendo o convite e a oportunidade de se associar à iniciativa Graça Fonseca referiu-se a Belmonte, com o texto que no dia 30, o seu ministério enviara ao Correio de Caria: “Belmonte é, sem dúvida, uma terra de vasto património natural e cultural, um património que espelha as ricas diversidades da nossa identidade. Aqui encontramos vestígios de mais de seis mil anos de história da Península Ibérica, uma história que a variedade da oferta cultural deste município tem sabido dar a conhecer. Mas Belmonte é, também, símbolo e exemplo do quão importante é lutar pela sobrevivência da cultura, até nas mais adversas condições. A forma como hoje e aqui se dá a conhecer o nosso passado, muito em especial a herança judaica, neste lugar em que essa parte da nossa heterogeneidade lutou por sobreviver e por se manter, é um exemplo a seguir.”

António Dias Rocha destacou a grandeza de Zeca Afonso e a importância de reconhecer o homem, o músico e o interventor social, justificando por isso a sua estátua, num largo a que foi dado o mesmo nome. Dizendo que o seu “exemplo de cidadania, de coragem e de ousadia”… “mais do que uma consagração ao homem, é um tributo ao seu ideal humanista, à sua excelência musical, à sua grandeza social e à sua dimensão universal, à democracia”.  

A cerimónia contou ainda com um momento musical de João Afonso (sobrinho de José Afonso) interpretando a “Canção de Embalar” do mesmo Zeca Afonso.

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