“Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”. são programas criados pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 157-A/2017, de 27 de outubro, na qual o Governo estabeleceu um conjunto de medidas destinadas a introduzir “uma reforma sistémica na prevenção e combate aos incêndios florestais, estendendo-se a outras áreas da proteção e socorro”.
O programa “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras” é definido como um “Programa de Proteção de Aglomerados Populacionais e de Proteção Florestal” e destina-se a estabelecer “medidas estruturais para proteção de pessoas e bens, e dos edificados na interface urbano-florestal, com a implementação e gestão de zonas de proteção aos aglomerados e de infraestruturas estratégicas, identificando pontos críticos e locais de refúgio”.
A Aldeia das Olas, na freguesia de Inguias, Belmonte, com pouco mais de 20 habitantes fixos é a pioneira neste programa através de uma candidatura desenvolvida há cerca de três anos que agora foi formalmente oficializada.
A cerimónia de apresentação foi celebrada, no passado dia 20 de novembro, na Aldeia das Olas, perante o Presidente da Associação dos Amigos da Olas, Jorge Ferreira; O representante da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Carlos Lopes; A Técnica do Município para esta área, Telma Pombal e o Presidente da Junta de Freguesia de Inguias, Luís Adolfo.
Nesta sessão o Presidente da dinâmica associação local explicou por alto as vantagens deste programa e da sua importância para uma aldeia com as caraterísticas das Olas, agradecendo aos seus colegas de direção e às entidades envolvidas. De seguida a técnica Municipal que acompanhou este processo, Engª Telma Pombal realçou os aspetos desta candidatura, como iniciativa da população na qual a autarquia municipal esteve e estará sempre à disposição. O representante da ANEPC, Coordenador do Programa Aldeia Segura no Distrito de Castelo Branco, referiu que este programa já está a funcionar nalgumas zonas mais marcadas pelo isolamento nalguns concelhos, nomeadamente da zona do Pinhal. Reportou-se depois às situações dos incêndios de 2017, em Figueiró e 2022 na Serra da Estrela, deixando alguns apelos e medidas preventivas que devem ser acauteladas por todos desde a reserva dos medicamentos, ao local onde devem colocar os documentos pessoais e dos seus bens. Coisas que podem ser faladas em sessões de informação que se poderão promover na aldeia.
Luís Adolfo disse que as Olas são de facto um exemplo de Aldeia, para ser olhado em todo o interior. Com alguma emoção referiu que na nossa região os jovens abalam e as aldeias ficam abandonadas, porém nas Olas houve pessoas que resolveram inverter esse sentido, criam eventos para trazer pessoas à Aldeia e onde o Mercadinho Mensal já se tornou uma referência nas redondezas, salientou também a Festa da Morcela e do Arroz Doce que já se tornou também uma referência não só para o concelho de Belmonte, mas para toda a região. Apelando a que este exemplo devia ser tomado por muitas aldeias, concluindo que a Junta de Freguesia não podia ficar indiferente a esta realidade e que por isso tem dado o seu contributo. Finalizou muito emocionado, dizendo: “vocês sabem que o vosso combate é o meu, eu estou cá para este trabalho…”.
Procedeu-se depois ao descerramento de placas indicativas e identificadoras da Casa Abrigo nas Olas, em caso de emergência a qual se localiza no Pavilhão de Festas, com condições de aí acolher com segurança, toda a população da Aldeia, caso seja evacuada. Na mesma ocasião foram também descerradas as placas toponímicas, com a indicação das ruas da Aldeia. Uma solução feliz em que os postes para colocação das placas, foi o reaproveitamento das travessas de madeira da linha de comboio.
No final da Sessão o presidente da ALAO, Jorge Ferreira, referiu ao Correio de Caria um pouco da história destes dois processos: o da Aldeia Segura – Pessoas Seguras, começou a ser tratado há três anos com um processo de candidatura que pressupõe vários quesitos entre eles o envolvimento das autarquias locais e dos organismos de Proteção Civil e Segurança que também são parceiros. Assim como a adesão de todos os proprietários da Aldeia, com um compromisso de também eles contribuírem nas medidas preventivas de segurança. Por este último quesito o processo atrasou-se algum tempo devido ao facto de dois proprietários não quererem aderir voluntariamente.
Quanto à questão da marcação das ruas, o dirigente associativo disse-nos que, o nome das ruas já estava definido na Comissão de Toponímia desde o anterior mandato autárquico e com David Velho na Junta de Freguesia, mas que houve alguma dificuldade para a feitura das placas, mas que agora foi superado.
A festa prosseguiu com lanche e um soberbo Magusto, ao jeito das tradições da época na região. E, se as Olas só têm 20 habitantes, mais do dobro e o triplo são os convivas que se juntam nestas ocasiões e recebem sempre a comunicação social com particular afeto e deferência.