A Festa de Santa Bebiana que é já uma marca identitária de Caria, afirma-se este ano de pós pandemia, com mais fulgor. Desde um programa repleto de atividades para quatro dias, outras inovações fazem parte da festa como: Um espaço para tasquinhas com comes e bebes, artesanato e produtos da região; Atividades para crianças; Um “Rally Tascas”; Animação de Rua; Uma caminhada e um Colóquio sobre a Festa de Santa Bebiana, Património Imaterial de Caria.
Em jeito de antevisão, o Correio de Caria encontrou-se com Filipe Alves, um jovem bairrista de Caria que há vários anos a esta parte lidera a Irmandade de Santa Bebiana, na organização e preparação desta festa. Uma das inovações é o facto da irmandade que ainda não tem personalidade jurídica, estar a desenvolver o processo de constituição de associação para de forma mais organizada poder fazer este evento; Outra é o alargamento do programa para quatro dias em vez das tradicionais duas noites, por forma a proporcionar outros atrativos e gerar atividade na economia local, bem como o envolvimento de outras áreas como o desporto e a cultura, para que Caria seja durante estes quatro dias o epicentro da região.
Em termos de programa Filipe Alves adianta que na quinta-feira dia 1 de dezembro, terá lugar o tradicional “Cortejo de Chamamento às Irmãs Bêbedas”, com respetivas paragens para “molhar a goela e sempre mais qualquer coisa para ensopar” acabando com baile, animado em principio por João Clara; Na sexta-feira dia 2, dia de Santa Bebiana, a festa começa com uma arruada com os bombos pelas ruas, para chamar o povo encaminhando-os para Largo do Refugo, cujo nome também pretendem seja mudado para Largo Santa Bebiana e onde as tasquinhas já emolduram o espaço. Daí sairá o cortejo pelas 20h (procissão) com os respetivos andores, pendões e archotes. Terá quatro paragens com quatro celebrações como é tradicional e com os respetivos “reforços bebidos e algo para ensopar…”; regressados ao largo terá lugar o “Sermão final”, os comes e bebes oferta da Irmandade e o tradicional baile com Virgílio Faleiro.
No dia 3 sábado, logo de manhã, o Grupo de Caminheiros de Santa Bebiana (outra inovação) organiza este ano a sua primeira caminhada de Caria para o Monte do Bispo, ali acontecerá também um almoço convívio, “pois para repor as calorias” organizado pelo staff dos Caminheiros de Santa Bebiana. De tarde tem lugar outra inovação denominada “Rally Tascas” que consiste no concurso de quem bebeu mais, segundo revelou, é um convite ao consumo nos estabelecimentos locais, ganha o prémio quem registar no seu cartão mais bebidas consumidas nessa tarde. Em simultâneo decorrerá, em princípio na Casa da Torre, um colóquio subordinado ao tema “Santa Bebiana, Património Imaterial de Caria”, com a participação de um antropólogo e outros técnicos desta área, atraíndo-se os participantes ao local com uma bebida surpresa a apresentar na entrada… No mesmo local estará também patente uma exposição sobre as festas de Santa Bebiana. À noite haverá arraial e baile com a banda “Band &Tarola”,
No domingo terá lugar o encerro, ainda com as tasquinhas e acolhimento de tardios visitantes, prolongando o ambiente de festa e talvez a ressaca de alguns.
Em termos de organização a Irmandade é constituída maioritariamente por gente jovem e de espírito bairrista para estes eventos já tem história em Caria, disso deu conta Filipe Alves, estando por isso confiante, no salto que a festa este ano se propõe dar.
Em termos de verba este ano contam com uma participação do Projeto Esperança CLDS, de cerca de dois mil euros e reforço da participação da Junta de Freguesia. Da parte da Câmara Municipal de Belmonte, não tinham até ao momento ainda confirmação de nenhum apoio, porém contam com o apoio reforçado da população. Há cerca de um mês que vêm a fazer peditório porta a porta na freguesia, faltando ainda cerca de metade “a recetividade tem sido boa e a generosidade das pessoas também, estamos confiantes”.
Segundo o líder da Irmandade de Santa Bebiana que, apesar de muito jovem, há 13 anos abraça este projeto, é com muita dedicação que esta iniciativa se mantém e por isso já ter estado interrompida por várias vezes. Este novo entusiasmo com as inovações previstas já neste ano, pode ser um impulso para tornar esta festa num evento de grande envergadura na região, salienta Filipe Alves.
Questionado sobre o que pode melhorar na festa e que mais ainda era preciso fazer Filipe refere que por um lado falta ainda concretizar e consolidar as inovações já anunciadas para este ano, nomeadamente a personalidade jurídica da Irmandade, a Certificação como Património Imaterial, etc. e depois massa critica para criar um cartaz mais valorizado “não digo que estes artistas não sejam bons, mas se conseguíssemos trazer um ou outro artista com nome nacional era diferente, muito mais gente vinha de fora e isso era importante para a Vila”. …”. Vamos precisar também de andores novos que estes de tanta cacetada já começam a dar sinais de doença…”.
Filipe Alves, é natural de Caria, onde frequentou a escola primária e mais tarde a secundária em Belmonte. Trabalha na construção civil por conta própria e nos tempos livres dedica-se à atividade cultural da sua freguesia, nomeadamente na Banda de Caria e na Festa de Santa Bebiana.
O seu primeiro contato com as festas de Santa Bebiana aconteceu nos seus 11, 12 anos, quando o seu Irmão mais velho ajudou a reerguer a Irmandade e a fazerem festa, queria logo entrar para a Irmandade, mas o irmão não deixou “só bem mais tarde quando já tinha autorização para começar a beber uma jeropiga e um copinho…” risos. Então em 2009 integrou a Irmandade e tem desde aí ajudado a fazer a festa, interrompeu um ano em que esteve a trabalhar no estrangeiro e nessa altura a Irmandade voltou a cair, ficando a festa entregue à Junta de Freguesia de Caria e à União Desportiva Cariense, com quem se têm juntado nos últimos anos.