A genuína Caria organiza-se para um dos eventos mais identitários da sua comunidade que apesar de a concordância dos festejos não ser unânime, é um facto que a sua tradição se perde no tempo e mesmo quando não se comemorou, sempre foi lembrada e há mesmo quem “em surdina”, neste dia se saudasse dizendo “Vivá Santa!”. .
Atualmente não é proibido, faz parte da identidade da terra e o envolvimento na festa começa muito antes, herdeiros da tradição bairrista no entusiasmo da Santa Bebiana, os membros da Irmandade, na sua maioria jovens, começam com mais de um mês de antecedência a percorrer as aldeias, bairros e quintas da freguesia no denominado “peditório” recolhendo os donativos para a festa.
Claro que todos contribuem e é mais um motivo para que todos se sintam envolvidos e se hoje já não se fazem à mão os bonecos, pendões e andores, é muito o trabalho que antecede o primeiro dia da Festa o “Chamamento” no dia 1 de dezembro.
Neste dia os membros da irmandade, iam bater os chocalhos à porta dos irmãos e irmãs, intimando-os para a procissão e festa no dia seguinte e se em tempos era vergonha e motivo de briga bater os chocalhos, ou chamar as irmãs para a festa “denunciando-as como Bêbedas”, hoje elas já são mais que eles, são assumidas, não se envergonham e (apesar de algumas nem beberem) até ostentam com grande orgulho, a pertença a esta irmandade. Agora o chamamento já não vai de porta em porta, fica-se por um desfile na vila, com andor de pipo e garrafões, onde não falta a bebida assim como a alegria e boa disposição. Segue depois o baile com Fernando Ramos.
No dia 2 a festa abre às 14h e logo depois saem os bombos para a rua; às 15h tem lugar um colóquio sobre “ A simbologia da Santa Bebiana na Comunidade de Caria” que este ano tem como orador convidado o Dr Vasco Valadares Teixeira, antropólogo, licenciado em Antropologia Social, pelo ISCTE, mestre em Literatura e Cultura Portuguesas – Culturas Regionais Portuguesas e doutorando no ICS-UL (Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa). Mais um passo para a inscrição da Festa da Santa Bebiana em Caria, como Património Imaterial Cultural, processo iniciado há um ano.
Às 20h30m tem lugar a tradicional procissão da Santa Bebiana com os andores a Santa Bebiana, este ano com novo visual e do S. Martinho. Este ano também com um novo e cariense “sacerdote” e também com algumas animações em termos de representação teatral. Muita alegria música e diversão, não irão faltar.
Na chegada ao Largo da Lage Sobreira, terá lugar a fogueira e o farto serviço de febras, entremeada e sardinha assada à deposição de todos os convivas. Haverá também tasquinhas e bancas de produtos regionais, concentrados numa soberba tenda que a Junta de Freguesia este ano providenciou para o efeito.
A festa segue até de madrugada com baile animado pelo icónico Virgílio Faleiro.
No dia 3 de dezembro, domingo, com ou sem olheiras, dormidos ou não, às 8h30m, é a concentração para a caminhada, promovida pelo grupo de caminheiros de Santa Bebiana: 10kms, com nível de dificuldade médio baixo, recreação e animação teatral, culminado com um almoço, para repor calorias.
Às 14h Jogos Tradicionais e Animação de Rua e às 19h encerramento, onde aparecerão ainda algumas surpresas.
jhs