Entrevistámos Pedro Leitão, na ocasião em que ele vinha para Belmonte, construir a Lontra que está entre a “Tulha dos Cabrais” e o edifício da Câmara Municipal, na rua Pedro Alvares Cabral.
O artista que é também o presidente da União de Freguesias de Cantar-Galo e Vila do Carvalho, explicou como em plena pandemia se iniciou na construção de uma Iguana de Grandes dimensões, reutilizando lixo do estaleiro da própria Junta.
O sucesso foi tal que não tardou a ser solicitado para construir outros bicharocos, desde Um grande lacrau no Jardim das artes na Covilhã, uma louvadeus num restaurante nesta cidade, um lince e um crocodilo que fez com o seu filho, em Penamacor e surge então o projecto intermunicipal apoiado pela União Europeia denominado “Este Zêzere que nos Une”.
Seguiu-se depois a conhecida Lontra em Belmonte, a Truta gigante no Parque da Várzea, em Manteigas e agora o último a ganhar vida foi um guarda-rios, na Barroca do Zêzere, concelho do Fundão.
Impunha-se por isso uma espécie de conversa final para fazer balanço deste projeto que apontava afirmar o Zêzere “como património natural e identitário, promover a sua preservação e potenciar o território como destino turístico sustentável, ao mesmo tempo que se promove o trabalho artístico e cultural, são os grandes propósitos deste projeto”. Por isso este trabalho artístico de Pedro Leitão tinha outras aspirações e abrangências muito mais envolventes que a mera construção destas esculturas, dando origem a múltiplas iniciativas paralelas. Tratando-se da reutilização de lixo, sobretudo material plástico, associa-se toda uma envolvência com as escolas, “sessões com os miúdos”, onde são convidados a trazer brinquedos velhos, peças do lixo para juntar à construção e sensibilização para a reciclagem, o aproveitamento dos recursos e a reutilização dos materiais.
Por outro lado o fato de se fixar nas localidades, enquanto decorre a construção, Pedro Leitão rapidamente se entremete no seio das comunidades, entra em conversas especulativo-filosóficas, cria amizades, partilha comida e bebida, faz tertúlias e baladas e descobre a essência dos lugares, as caraterísticas das pessoas, a eteno-cultura local. Experiências que dão extraordinários textos de histórias e narrações com típicas personagens em ocasiões especiais, já que também no domínio do vocabulário e da escrita, o artista carvalhense também é exímio.
Os visitantes a cada lugar, as fotos que se tiram e ideias que partilham dá outro rol de histórias que vão sendo partilhadas nas redes sociais.
Por outro lado hà o conjunto de imagens, das partilhas em cada momento nas várias fases do projeto e daí resulta também um vasto conjunto de belas e boas fotografias. Adiantou por isso o artista (para nós em primeira mão) que o Município da Covilhã equaciona editar uma publicação ilustrada com mais de 100 páginas, com as melhores fotos do projeto. Equaciona também ele próprio organizar os textos partilhados nas redes sociais, para possível edição também em livro, como memória futura desta experiência.
Para além disso Pedro Leitão tem já outros convites, outros projetos e outros desafios, neste domínio da arte.
jhs