Há cerca pouco mais de um ano, num jornal que aqui dirigi, recebi uma carta do Sr Dr. Manuel Marques, a levantar o problema da “fonte soldado” como importante vestígio romano, de interesse público e sempre no seu domínio, havia sido usurpado para uma propriedade particular, com risco de se vandalizar e perder.
Várias são as versões que se apontam para esta obra “Celto-Romana”, desde a lenda que se descreve abaixo enviada pelo Dr. Manuel Marques, à probabilidade de próximo da fonte ser o posto de um soldado romano que assegurava a vigilância da Estrada Romana cujo trilho também era muito próximo.
Segundo conseguimos apurar o achado ali resistiu à força dos tempos e ao passar dos séculos, sempre no domínio publico. Foi objeto de apreço por estudiosos e investigadores, mereceu visitas de estudo e podia (devia) ser integrado num roteiro, sobre o património romano na região. A propriedade que a envolve, veio por permuta de acolhimento dos proprietários a ser doada à Santa Casa da Misericórdia e terá sido vendida por esta instituição a um proprietário que a vedou com a sua propriedade e assim (selou) a Fonte Soldado.
Para além de pároco mais de 50 anos em Belmonte, o Dr Manuel Marques foi professor, Fundador da primeira escola em Belmonte, responsável pela criação de uma cooperativa e uma fábrica de confeção industrial e um dos mais estudiosos sobre a história, as tradições e o património do concelho de Belmonte
Mesmo que fosse apenas pela autoridade e respeito que a personagem “Manuel Marques” representa em e para Belmonte, devia o assunto pelo menos ser apreciado e discutido. Porém desde essa ocasião e até hoje, nem nos órgãos autárquicos: Sessões de Câmara, reuniões de Junta, Assembleia Municipais, Assembleias de Freguesia, ninguém se colou a este assunto e viu nele interesse público a defender; Na entidade do Jornal que dirigi cheguei a sugerir um abaixo assinado para esta defesa, mas se fosse erguer uma estátua…, ou homenagear alguém…; Noutras abordagens mais recentes se tem visto o mesmo encolher de ombros…
Como à semelhança de muitas outras coisas, a “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, e fica mais esta achega que com o apoio do Dr Manuel Marques aqui deixamos para “memória futura”, prometendo que o Correio de Caria, voltará ao assunto todas as vezes que for necessário.
Jorge Henriques Santos
Meu caro Jorge Henriques Santos:
Mando foto de que falei e o que está escrito no verso para referência: «Fonte Soldado / Celto-Romana / Belmonte / Verão 2003 /Visita de Estudo / Curso Guias / Turísticos».. Posso acrescentar que este curso foi um dos que se fez em Belmonte por esse tempo. Há em Belmonte uma lenda sobre esta fonte que não sei se já a escrevi nalgum lado. É lenda, mas é mais ou menos assim: Havia no castelo de Belmonte uma fidalga que, na ausência do marido, tomou o encargo da governação do castelo. Um soldado enamorou-se dela e tentou seduzi-la. A fidalga mandou-o matar. O corpo do soldado foi ter à Fonte que se chama, ainda hoje, Fonte Soldado e a cabeça foi parar em cima de uma laje que ainda se chama Laje da Fidalga. Há na verdade a Laje da Fidalga em Belmonte…
A água mole da Fonte Soldado corre, há séculos, saltando da pedra dura, para todos. Assim, teimosamente, tem que se reaver das mãos que dela se querem apossar indevidamente.
Manuel Marques