Caria – I Fórum Força do Interior

Chegou o convite de Jorge Henriques Santos, Diretor do Jornal “CORREIO DE CARIA”, para assistir, no dia 8 de Janeiro, ao Primeiro Fórum Força do Interior, com uma Jornada dedicada a Caria e sua região – Passado – Presente – Futuro, inserido na comemoração do terceiro aniversário daquele jornal regional.

Na Comissão organizadora, além do jornalista Jorge Santos, do “Correio de Caria”, colaboraram Paulo Rodrigues Silveira, Pedro Tavares Silveira, Maria José Sequeira e contou com o apoio da Junta de Freguesia de Caria e do Município de Belmonte.

A sessão decorreu, pois, em Caria, no auditório da Casa da Torre, um edifício com vestígios de fortaleza medieval abaluartada, que sofreu algumas obras de restauro no século XVII e serviu de residência de Verão do Bispado da Guarda.

Foi um vasto programa, constituído por três painéis com espaço de debate. O primeiro painel versou sobre os temas das origens e do povoamento de Caria e da Região, e esteve a cargo do Professor António Borges, investigador e historiador, com dois livros publicados sobre Caria.

Infelizmente, por motivos de doença, a Profª Dra. Antonieta Garcia, docente da UBI e historiadora, não proferiu a palestra sobre a influência dos judeus e o criptojudaísmo na região.

Pedro Silveira, Professor, ex-diretor do Museu do Queijo em Peraboa, animador cultural e turístico do Município do Fundão, salientou as potencialidades de Caria, que, com muito trabalho criativo, dedicação e paixão, serão colocadas na primeira linha do horizonte para a visita dos portugueses.

Com efeito, olha-se para o património desta vila centenária e observamos diversos pontos de interesse: uma anta, a via romana que ligava Braga a Mérida, Caminho de Santiago,  solares, as marcas do criptojudaísmo, a Casa da Torre – Centro de Estudos Arqueológicos, que apresenta no piso superior um sector museológico com objetos pessoais dos frades do Convento de Nossa Senhora da Esperança de Belmonte, e no piso inferior diversos artefactos romanos, aras, moedas, peças em metal…, a Casa da Roda, a Casa Etnográfica, (que tivemos a oportunidade também de visitar), a Igreja Matriz, cinco capelas, cinco fontes e cinco pontes. E, de resto, quem não se lembra das Cantadeiras de Caria e da Festa Anual dedicada a Santa Bebiana, uma referência que ultrapassa as fronteiras regionais?

A tarde iniciou-se com o segundo painel, que desenvolveu o tema do despovoamento e o potencial da região, em que intervieram o Presidente da Junta de Freguesia de Caria, Eng.º Silvério Quelhas, que falou dos aspetos demográficos, dos investimentos, do parque industrial, das potencialidades do património, e da falta de apoio por parte do Município e do Governos Central.

O vice-presidente do Município de Belmonte, Dr. Paulo Borralhinho, enalteceu o sucesso dos Museus sitos em Belmonte e falou dos problemas do isolamento, das portagens e das dificuldades na mobilidade para localização de um Parque Industrial em Caria, mas por outro lado a falta de habitação para quem se aqui queira fixar e também de falta de mão de obra, para novas empresas que se instalem.

O Professor Dr. Lopes Marcelo relatou a sua vasta experiência profissional no mundo rural, enquanto estudioso, observador e cuidador da memória dos saberes, dos sabores e da cultura.

No terceiro e último painel, debruçaram-se sobre as alternativas, esperanças e estratégias possíveis, sempre badaladas, mas muito esquecidas.

Neste painel interveio o Prof. Dr. João Leitão, que sublinhou a importância dos valores da coesão, da inovação, da abertura, da diversificação de ecossistemas.

Na mesma mesa, estava também o jovem deputado Tiago Monteiro do Partido Socialista, com um posicionamento muito colado às estratégia do Governo e a referência às suas medidas para valorização do interior. E ainda a deputada Cláudia André do Partido Social Democrata, bem mais reivindicativa, de quem registei esta frase: «o alfaiate legislativo está em Lisboa, é lá que é feito o fato à medida».

Também se referiu a necessidade de mais deputados representativos dos distritos com menor densidade populacional…

Resumindo, foram abordadas algumas alternativas para o futuro das zonas de média/baixa densidade populacional, as potencialidades da região, a complementaridade e articulação entre os vários sectores com as vilas e aldeias, a participação de técnicos e especialistas em Desenvolvimento Regional, o envolvimento do Governo.

Para o encerramento, o Jornal convidou dois Secretários de Estado: do Turismo, Comércio e Serviços; e do Desenvolvimento Regional, mas “nenhum pode estar presente e apenas Isabel Ferreira mandou uma saudação em vídeo.

No debate, ressaltam os problemas do costume associados a uma série de reivindicações: abolição das portagens, mais investimento público, menos burocracias para os emigrantes que querem regressar às suas origens, transportes públicos em quantidade e qualidade, discriminação positiva em impostos…

As Jornadas já se estendiam pela noite, cabendo a Paulo Silveira, membro da comissão organizadora, a nota de encerramento, realçou: «uma iniciativa que é a afirmação de um verdadeiro movimento de cidadania em Caria, na defesa do desenvolvimento regional e local, no contexto de uma vasta área que ultrapassa esta configuração geográfica.»

No final cantaram-se os Parabéns ao “Correio de Caria”, um projeto audacioso, que nasceu nos finais de 2019 e se preocupa com as causas das pessoas e do interior do País.

Longa Vida a este órgão importante da comunicação social e da imprensa regional.

António Alves Fernandes

Aldeia de Joanes

Janeiro/2023

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