15 de setembro, Romaria da Santa Luzia no Castelejo

Paulo Silveira
Dirigente Associativo
Três Povos

É inquestionável que hoje, mais do que nunca, as tradições religiosas e populares locais assumem especial importância na identidade cultural das populações e, em particular, nos territórios do interior de Portugal. Neste contexto a Romaria de Santa Luzia, que acontece na freguesia do Castelejo, no concelho do Fundão que, coincide com o Feriado Municipal (15 de setembro), constitui uma das mais originais festividades da Beira Baixa.
A festa estudada e divulgada por múltiplas figuras ligadas ao nosso património etnomusicológico, como, por exemplo, Fernando Lopes Graça e Michel Giacometti, foi igualmente celebrizada por artistas de reconhecido mérito, com destaque para Amália Rodrigues, que gravou, entre outras cantigas da Beira Baixa, a preciosa canção Santa Luzia, e Arlindo de Carvalho, consagrado compositor e intérprete de emocionantes temas de folclore musical, como Cancões à Beira Terra, “ Senhora Santa Luzia/ Minha Santa Padroeira,/Já sinto perto esse dia/ de abraçar em Romaria/ A bela Cova da Beira”


Verdadeiro “cartaz turístico” do concelho do Fundão e da Cova da Beira, a famosa romaria é, também, inseparável das belas “Flores de Santa Luzia”. Trata-se de um património cultural – material e imaterial – que permanece vivo, um “produto” artesanal, carregado de simbolismo, cuja originalidade reside nas criativas flores de papel, de diversas cores e dimensões, de rara sensibilidade estética e humana, tradicionalmente confecionadas, há muitos anos, por uma família originária do norte do País que veio residir para a Soalheira, percorrendo as principais romarias da Beira Baixa, atualmente tem continuação na sua salvaguarda por mulheres do Castelejo, se tornando um elemento identitário da romaria da Santa Luzia, servem para colocar na aba do chapéu ou na lapela como simbolismo pelas memórias que evocam e pela beleza que ostentam.
Como a romaria “sem comedoria é gaita que não assobia”, como diz o adágio popular, não faltam as fartas merendas onde constam os célebres fritos das merendas da Santa Luzia, as cherovias, beringelas, vagens, feijão verde (peixinhos da horta), os ovos verdes entre outras iguarias, e para terminar as enormes melancias que chegam para uma família inteira.
Em 15 de setembro novamente se vai festejar no Castelejo, uma das mais antigas romarias da Beira Baixa, de invocação a Santa Luzia, encerrando-se o ciclo anual das grandes romarias desta região.

Senhora Santa Luzia
Vizinha do Castelejo
Dai-me luz aos meus olhos
Sou ceguinha não vos vejo

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