A história do Dia Internacional do Trabalhador vem de longe e é feita de sofrimentos, protestos, propostas, reivindicações e conquistas a nível de cada país e do mundo. Pode dizer-se que é uma luta sempre em busca de melhores condições de vida e de trabalho, num processo anunciador de aspirações pessoais e colectivas e de luta por direitos e dignidade do trabalhador…
Recordamos aqui alguns acontecimentos mais marcantes.
No ano de 1750, os operários dos Estados Unidos da América que trabalhavam de “sol a sol “começam a lutar pela diminuição das horas de trabalho. Mas, mesmo 50 anos depois, em 1800, apenas vêm fixadas em lei as 10 horas diárias.
Em 1886, na fábrica de Mac Carnich, na cidade de Chicago, 1200 operários foram despedidos por se recusarem a abandonar o seu sindicato. No dia 1 de Maio desse ano, alastra em todo o país uma greve geral que se prolongou com manifestações nos dias seguintes. Reivindicavam uma jornada laboral de 8 horas diárias (8 horas para o trabalho, 8 horas para a família e 8 horas para o descanso).
Dois dias depois, quando uma multidão de pessoas participava num comício, surgem duzentos polícias e uma bomba – lançada por mão anónima – rebenta causando mortos e feridos e pânico geral. Os responsáveis sindicais são presos. No dia 20 de Agosto do mesmo ano, seis operários são condenados à morte, dois a prisão perpétua e um outro a 15 anos de prisão. Só sete anos mais tarde, resultado da acção sindical contra essas condenações, o tribunal reconheceu a injustiça, os três operários condenados foram postos em liberdade. Mas, o que já não era possível remediar foi o assassínio dos seis operários enforcados…que ficaram conhecidos como os mártires de Chicago.
Em Junho de 1889, tem lugar em Paris um Congresso Internacional de onde – em memória das lutas e acções sindicais e dos mártires de Chicago – sai uma Declaração afirmando o Primeiro de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores, a celebrar em todos os países.
E em Portugal, quando foi celebrado o Primeiro de Maio?
Não cabendo neste artigo uma descrição desenvolvida, a partir dessa data, sobre os acontecimentos mais marcantes da luta do movimento operário e sindical, destaca-se, logo no ano seguinte, o dia 1º de Maio de 1890, em Lisboa, onde dezenas de milhares de trabalhadores portugueses celebram do Dia Internacional do Trabalhador.
A história do Movimento Operário e Sindical em Portugal, regista um incontável número de lutas e acções com os mesmos anseios e objectivos que estiveram na origem dos acontecimentos do Chicago. Essas lutas e acções passaram sempre por actos de coragem e sofrimento dos seus protagonistas que, até ao 25 de Abril de 1974, geralmente encontraram a resistência dos patrões e a perseguição do poder político. Como se sabe, em 28 de Maio de 1926, com o golpe militar de Gomes da Costa é instaurada uma ditadura e são suspensas todas as liberdades.
Em 1933, Salazar, ministro das finanças desde 1928 e chefe do governo desde 1932, faz votar uma nova Constituição que impõe o regime do Estado Novo. Toda a organização sindical é sujeita à perseguição e desmantelamento. São encerrados os sindicatos, proibidas reuniões e presos muitos trabalhadores. É criado o partido único e os sindicatos corporativos inteiramente controlados pelo Governo e pela polícia política.
José Manuel Duarte
Dirigente Associativo
ex- dirigente sindical
(*) Fonte para este texto: jornal Voz do Trabalho, porta-voz da LOC/ Movimento dos Trabalhadores Cristãos