Dos leitores – O BEIJO…!

A notícia do beijo surge nos écrans das TVS, nas primeiras páginas dos jornais diários e semanários, nos noticiários radiofónicos, nas conversas nas tascas, cafés, praças publicas, convívios… Todos falam e analisam em prolongados, aborrecidos e repetitivos programas este tão importante acontecimento. O beijo vai possivelmente ser escolhida em todos as sondagens como a palavra do ano de 2023, em substituição de inflação, habitação, greves…
Inicialmente, sem dar qualquer atenção ao assunto, o meu pensamento repentino foi para o possível furto da famosa pintura “O BEIJO”, da autoria do austríaco Gustav Klimt, que retratou em 1908 um casal abraçado, prestes a beijar-se, com o homem envolvendo os braços em volta da mulher, inclinando a cabeça dela para trás, enquanto ela se inclina para ele.
A enxurrada de notícias começou, pois, com um beijo de um presidente federativo castelhano, na euforia de ser campeão do mundo de futebol feminino, à capitã da equipa espanhola.
No mundo do espectáculo em que vivemos, rapidamente um beijo virou telenovela de faca e alguidar e histeria colectiva. Por uns tempos esqueceram-se as arbitragens no futebol da primeira divisão nacional, as diversas interpretações dos vares, a colocação dos árbitros na jarra, as discussões intermináveis sobre as facetas dos jogos, as actuações dos jogadores e treinadores, enfim, temas tão importantes na sociedade portuguesa. A discussão do beijo passou a ganhar audiências, a vender jornais…a ser tema da actualidade.
E assistimos a uma ementa com diversos ingredientes. Uns recordam os dois jogadores de futebol que, na década de noventa, deram beijos na boca. Outros, um guarda-redes que em 2010 deu um beijo na boca em directo à jornalista, sua noiva, que o entrevistava e ainda há quem se lembre de em Outubro de 1979, na visita a Berlim, o líder comunista Leomid Brejnev afinca um beijo no seu camarada governador, nas comemorações do 30º aniversário da Republica Democrática Alemã. E tantos beijos por aí dispersos…
O homem do beijo faz um discurso violento e desafia os poderes de Castela, perante enorme falange de apoio, insistindo que não se demitia. Atira-se como gato a bofe contra aqueles que fazem discursos morais sobre o beijo e acrescenta que a “jogadora se colocou a jeito”.
O mundo do futebol, e não só, entra em alvoroço. Os governos começam a legislar sobre o beijo. As Nações Unidas fazem uma conferência de imprensa para falar no caso. A mãe do filho do beijo entra na história do beijo, iniciando uma greve de fome na sua Igreja local, para reivindicar a inocência do filho.
O Pároco, solidário com esta causa socio-desportiva, abre a Igreja para que a mãe reze e faça greve da fome, até o Senhor a levar para a eternidade. (Felizmente, já está hospitalizada e livre de perigo, graças aos médicos).
O beijo está a colocar em causa a candidatura de três países à organização de um novo campeonato do mundo de futebol. Com este escândalo, vão para o caixote do lixo milhões de euros e de apostas.
Nunca um beijo esteve na origem de tantos e complexos problemas. E a palavra beijo aparece a propósito de tudo:

  • No campo desportivo é o beijo da vergonha.
  • O líder do Grupo Wagner e seus “muchachos” é o beijo da morte.
  • No veto presidencial do pacote de “Mais Habitação” é o beijo do afastamento.
  • No campo do Grupo RICS com alargamento a outros países é o beijo da expectativa.
  • No campo das Comunidades de Países de Língua Oficial Portuguesa é o beijo da esperança.
  • Na ida de Marcelo Rebelo de Sousa a Kiev – Capital da Ucrânia é o beijo do conforto.
  • No futebol indígena, Tarem pênalti cai na piscina, engana o homem vestido de preto, e é beijo da vitoria fraudulenta.
  • O jogo aproxima-se do fim e é necessário analisar um caso no var inactivo por falta de energia e a nível nacional e internacional é o beijo do circo.
    Razão parecer ter a jovem Maria da Piedade quando namorava com o jovem José Maria Fernandes:” o beijo tem de ser em local apropriado e no momento seriamente oportuno

António Alves Fernandes
Aldeia de Joanes

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