Freguesias “de fronteira”, por Paulo Silveira

Ao considerarmos a existência de uma certa diversidade e um elevado grau de homogeneidade das freguesias de Caria (Malpique e Monte do Bispo), Peraboa (Castanheira),Três Povos (Salgueiro, Quintãs e Escarigo), Benquerença (Anascer) e Meimoa, as quais integram, respetivamente, os municípios de Belmonte, da Covilhã, do Fundão e de Penamacor, não podemos deixar de notar o predomínio da economia agro-pecuária e, sobretudo, as múltiplas potencialidades ligadas ao desenvolvimento socioeconómico, susceptíveis de compatibilizar com a salvaguarda do património paisagístico e histórico-cultural.

Os autarcas, sabem bem que, dadas as características peculiares dos territórios e das comunidades rurais, a missão e os desafios dos decisores freguesiais e camarários se tornam quase imperativos! De facto, a potenciação das capacidades endógenas das nossas terras é uma questão de renovado interesse, associada à consciência identitária coletiva de pertença; territórios de fronteira de municípios com muitas afinidades de diversas maneiras e até familiares, há mais o que as une do que as divide. E, neste espaço geográfico como forma de evitar o esquecimento, que é outra espécie de morte, as afinidades, parcerias e partilhas deverão ser aproveitadas e concretizadas.

Neste quadro, é ainda fundamental insistir na preservação de modelares estruturas patrimoniais de dinâmica local e regional, como, entre outros exemplos, a Casa Etnográfica (Caria), o Museu do Queijo (Peraboa), a Casa da Pastorícia (Salgueiro) e o Museu Dr. Mário Bento (Meimoa), instituições que, no fundo, não podemos dissociar do turismo democrático de qualidade e do inadiável combate à “desertificação” sociodemográfica. Refiro-me, como é óbvio, ao índice inquietante de envelhecimento humano e ao incentivo da “juvenilidade” da população das nossas aldeias.

Haja vontade!

Paulo Siolveira
Autarca
Três Povos

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