Foi no dia 18 de Março de 2020, que Portugal entrou no primeiro estado de emergência da era COVID-19, renovado por 11 vezes, encontrando-se em vigor o Decreto do Presidente da República n.º 11-A/2021, de 11 de fevereiro, com início às 00h00 do dia 15 de fevereiro de 2021 e cessando às 23h59 do dia 1 de Março de 2021, prevendo-se a sua continuação até meados de Abril e não se sabe até mais quando.
O confinamento obrigatório mantém-se com medidas mais restrictivas ao fim de semana e os estabelecimentos de restauração e similares passam a funcionar exclusivamente para efeitos de atividade de confecção destinada ao consumo fora do estabelecimento, seja através de entrega ao domicílio, diretamente ou através de intermediário, ou para disponibilização de refeições ou produtos embalados à porta do estabelecimento ou ao postigo (take-away). É evidente que o grande propósito da medida é impedir a actividade dos restaurantes, que não poderão servir nem almoços nem jantares, com o argumento que estes eram responsáveis por 67% dos contágios quando afinal se sabe que somente serão responsáveis por 2% de contágios.
Outros estabelecimentos continuam a sua normal actividade, mas não se pode beber um café em parte nenhuma nem dentro nem fora do estabelecimento, nomeadamente em estações de serviço. Os estabelecimentos de take-away presencialmente não disponibilizam bebidas mas são disponibilizadas com a entrega ao domicílio. Não se podem vender livros mas podem vender-se pregos e artigos de decoração e nenhuma restrição existe para a venda de produtos de jogos de fortuna e azar e a devastadora utilização de chamadas de valor acrescentado, em duvidosos concursos de televisão e de outras empresas públicas e privadas, de tal modo que a Provedora de Justiça recomendou ao Governo, recentemente, a sua proibição, para proteger os idosos e outros grupos vulneráveis.
Não existe igualdade de critério no tratamento de questões tão normais e essenciais que corremos o risco de sermos atingidos pela hipocrisia (fingimento de qualidades, princípios, ideias ou sentimentos que não se possuem, falsidade), o que determina que 80% da população se encontra em prisão domiciliária e asfixiada (sem trabalho) e não é de admirar que os números da taxa de desemprego seja assustador (o número de desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou 29,6% em Dezembro), sem contar com a taxa de desemprego “invisível”.
Sejamos realistas: tanto para uns e tão pouco para outros.