Seria possível uma associação destes concelhos, localizada na aldeia, vila ou cidade, não ser confrontada com os impactos do chamado coronavírus? A resposta é naturalmente no sentido de que a pandemia condicionou – e continua a condicionar – a vida e as actividades das associações. Com certeza com diferentes consequências e dimensões como os leitores terão constatado…
Uma IPSS-Instituição Particular de Solidariedade Social, cuja principal actividade é o funcionamento e gestão de um Lar ou Centro de Dia, ou ainda valências destinadas a crianças, as quais têm de funcionar diariamente, teve que elaborar e cumprir um rigoroso “Plano de Contingência” para cuidar dos seus utentes e defender os seus trabalhadores. As IPSS tiveram que se adaptar a regras muito exigentes. Já uma associação de âmbito cultural, desportivo e recreativo foi aconselhada pelas Autoridades de Saúde a interromper e cancelar todas as actividades até que a actual pandemia permitisse aliviar o confinamento obrigatório.
O autor deste texto, enquanto presidente de uma destas associações na cidade da Covilhã, e tal como outros dirigentes associativos, perante a situação de pandemia ameaçadora que ninguém podia adivinhar, tiveram que saber adaptar-se e assumir as decisões que as regras e o bom senso impunham em cada momento.
Naqueles dias quase a iniciar a Primavera, na minha associação foi preciso interromper e adiar as actividades diárias, tais como as aulas do Clube Sénior, as aulas de ginástica para associados em idade activa, bem como interromper o funcionamento das duas lojas sociais e, logo a seguir, fechar mesmo a porta da sede! Alguns dias depois, a direcção teve que assumir o cancelamento de diversas actividades marcantes na vida da associação e que habitualmente se realizam nos messes de Primavera e Verão.
Que outras exigências e desafios tiveram e continuam a ter que enfrentar os dirigentes associativos?
Como os leitores do Correio de Caria ouvem com frequência dizer “ninguém estava preparado para esta situação de pandemia”!
Continuando do lado do associativismo especialmente de âmbito Cultural, Desportivo e Recreativo (que normalmente não têm uma organização profissional) os responsáveis dos órgãos dirigentes também em consequência da pandemia, foram confrontados com outras exigências e desafios, dos quais poderia destacar:
* Assegurar os compromissos de pagamentos mensais, mas sem as receitas que resultam do regular recebimento das quotas e da realização de actividades.
* Ausência dos momentos de encontro e convívio saudavelmente habituais.
* Também o desafio de aprender a resolver mais problemas pelo telefone e, na fase mais crítica, fazer reuniões em vídeo conferência, com o telefone ou computador e os limitados conhecimentos das novas tecnologias de comunicação.
* O desafio há-de também passar por dar mais valor a coisas que faziam parte da nossa convivência diariamente, como beijos e abraços, o calor humano de um bom diálogo, um almoço ou jantar de amigos ou com a família largada…
Como teremos dado conta, principalmente nas semanas mais críticas do combate ao perigoso vírus Covid-19, foram incontáveis os gestos e as acções de solidariedade que se geraram. Talvez tudo isso possa anunciar outras formas de olhar a vida em sociedade e que permita fazer caminho para repensar o futuro a partir da nossa associação e da nossa comunidade – seja em aldeia, vila ou cidade – também desta nossa Beira Interior.
José Manuel Duarte (dirigente associativo)