Dia 18 de maio celebrou-se o Dia Internacional dos Museus que teve como tema, este ano, “ Museus, Sustentabilidade e Bem Estar”, decorrido um mês sobre o, também, simbólico dia 18 de Abril de 2023 – “Dia Internacional dos Monumentos e Sítios”, subordinado ao tema “Património e Herança” – nestas datas tive oportunidade de testemunhar um conjunto de actividades culturais que fizeram jus a esses dias e aos temas (propostos pelo ICOMOS) para este ano de 2023. Sem dificuldade, percebi que algumas dessas actividades já se relacionam com os novos desafios que são cometidos aos museus neste primeiro quartel do século XXI.
O primeiro daqueles desafios exige que os museus se organizem e desenvolvam as suas actividades sociais e culturais articulando: o património (e a memória nas suas vertentes tangíveis e intangíveis) e as comunidades (enquanto autoras do seu próprio destino) e o território (considerado como espaço abrangente de diversas vivências), já que, no dizer de Marc-Olivier Gonseth, “os objectos não falam, não testemunham e não têm memória; necessitam de encontrar o olhar e a voz de um sujeito para se poderem exprimir.”.
É de facto, inquestionável que muitos dos museus assumem, cada vez mais, um papel decisivo na salvaguarda de múltiplos e classificados “Lugares de Memória” , na elucidativa e pioneira expressão de Pierre Nora que, nos anos oitenta (do século findo), desenvolveu este conceito de os museus serem funcionais, materiais e simbólicos do património memorial de uma comunidade.
Vem isto a propósito de pensamentos e ideias que me assaltaram numa tarde muito bem passada no “Museu de Arte e Cultura da Covilhã”. – “instalado num edifício de E. Korrodi, com painel de azulejos alegóricos e elementos referentes aos Descobrimentos, este Museu contém obras de arte de cariz religioso e arquitetónico, desde a Pré-História até aos nossos dias, que retratam parte da história patrimonial do concelho. Encontra-se dividido tematicamente: património histórico e arqueológico; património religioso; pintura religiosa; arte civil e arte contemporânea”.
A visita remeteu-me para a as palavras do Professor Joaquim Pais de Brito antigo diretor do Museu de Etnologia “ O museu pode ter objectos lindissimos, sem ter uma dimensão ativa de produção cultural; é na sua atividade, na maneira como consegue estimular as pessoas, estabelecer diálogos, ir para fora dos muros e trazê-los “intarmuros”, que se alcançam alguns elementos dinâmicos, criativos, criadores de cultura”.
O Museu de Arte e Cultura é um exemplo notável de ponte segura (e de mediador cultural, garantiria Hugues de Varine) para a valorização do património e das comunidades e do território da Cidade e do Município da Covilhã e, óbviamente, de toda a Cova da Beira.