“Dia de Todos os Santos”, 1 de novembro, é considerado um feriado “caro”, pois recordam-se todos os mártires e Santos da Igreja, a Festum Omnium Sanctorum. No dia seguinte recordamos o dia dos fiéis defuntos, os que já cumpriram a grande peregrinação da vida.
Naquela manhã de 1755, primeiro dia do mês, um terramoto, cuja réplica se sentiu um pouco por todo país, abala a nossa Capital. Segundo consta morreram cerca de 10 mil pessoas e 268 anos depois ninguém esquece o sucedido. Os Reis, devido ao acontecimento, resolveram dormir em tendas com medo de outras réplicas.
É uma data histórica que os portugueses sabem de cor e salteado. A bonita cidade medieval de Lisboa foi destruída, causando a perda de um património de rara beleza. A fúria e força do terramoto também chegou à Covilhã (a muralha do Castelo ruiu), entre outras freguesias do Fundão, como Castelo Novo e Alcaide. Devido ao terramoto, Portugal mostrou as suas fragilidades, nomeadamente, na área da habitação, na assistência, entre outros setores.
A velha Europa vive então o século das Luzes, que pretendem iluminar a visão do Homem, que se atreveu a pensar, dando importância ao racionalismo. O séc. XVIII e as suas infraestruturas sociais, politicas e económicas acontecem sem grandes sobressaltos, já que a Revolução Industrial chega de forma tardia.
O nosso país estava devastado e para saber os prejuízos causados pelo Terramoto de 1755, o Pe. Luís Cardoso, enviou aos párocos um questionário composto por um conjunto de perguntas de modo a obter informações sobre o impacto causado pelo abalo, por exemplo: só para saber informações dos rios, 20 questões e Serras, 13. Com tantas respostas mapeámos Portugal, o que no fundo foi o grande RX do Portugal do Séc. XVIII. As respostas aos inquéritos denotam uma falta de normatividade da Língua Portuguesa e de difícil compreensão. As Memórias Paroquiais de 1758 é um documento que vale a pena ler e espreitar. Hoje sabemos quantas capelas, igrejas, altares, confrarias, habitações, castelos, fontes, hospitais, misericórdias, produtos agrícolas, entre outro elementos, existiam nas nossas aldeias, cidades e vilas. No caso de Peraboa, o Padre responsável pelo inquérito foi o Pe. Luiz, tendo sido muito conciso nas respostas, economicista nas palavras. Saliento que Peraboa tinha três Irmandades muito ativas, como é o caso da do Espírito Santo e tinha quatro Capelas. Havia párocos, uns mais literados do que outros, como tudo na vida. Era o maior inquérito feito alguma vez em Portugal composto por 27 perguntas, curiosamente houve alguns padres que foram bastante pormenorizados, outros registaram o essencial, como foi o caso da paróquia do Escarigo. Tal missão deve-se ao Pe. Luís Cardoso, com a benção e ordem do Marquês de Pombal, no Reinado de D. José I, apelando a todas autoridades eclesiásticas do Reino que participassem. As respostas foram compiladas e apelidadas de “Memórias Paroquiais de 1758” e o objetivo era saber sobre os bens das paróquias do Reino para a elaboração de uma “História Eclesiástica e Secular de Portugal e suas Conquistas.” Ainda acerca do interrogatório registo o seguinte: «E qualquer outra coisa notável que não vá neste interrogatório», que quer dizer “Outros assuntos”. Face a essa liberdade, houve padres que falaram das suas próprias paróquias e das paróquias vizinhas e fizeram verdadeiros “milagres”.
Todas as áreas do Conhecimento passam pelas “Memórias Paroquiais de 1758”, pelo Arquivo da Torre do Tombo: “Desde o início de 2007, a Torre do Tombo permite a consulta online de reproduções dos originais manuscritos, cuja leitura apresenta, porém, alguns desafios a quem não seja versado em Paleografia. “Por cá, o Prof. Joaquim Candeias da Silva faz a leitura dessas memórias do Concelho do Fundão, e bem, um livro completo e cheio de curiosidades, através da obra “O Concelho do Fundão Através das Memórias Paroquiais de 1758”. Na Covilhã, coube a Adelino Pais Fernandes elaborar e tratar das Memórias Paroquiais do Concelho, através do livro “Concelho da Covilhã e Memorias Paroquiais de 1758.”
É uma consulta obrigatória.