No passado dia 1 de outubro assinalou-se o Dia Internacional do Idoso, o dia foi instituído em 1991 pela ONU tendo como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar a população mais idosa, na maioria das vezes esquecida.
O distrito de Castelo Branco é o que tem maior índice de idosos. A evolução demográfica em Portugal, e muito particularmente no Interior, é caraterizada por um acentuado envelhecimento da população e o facto da esperança média de vida ter aumentado ao longo dos tempos, acentuando esta tendência ainda mais.
Neste nosso território do Interior, para a maioria da população idosa, as suas aldeias são muito do seu “mundo”, todas elas ricas de património histórico, material e imaterial. Mas, infelizmente a maioria das aldeias são já espaços de memórias marcados por hemorragias humanas, onde se fecharam escolas porque não há crianças, fecharam-se extensões de saúde porque há menos utentes e menos médicos, fecharam-se serviços públicos porque há menos cidadãos, sem transportes públicos ou com horários desfasados, o táxi continua a ser solução para muitos idosos e doentes, que ao terem de o usar perdem grande parte do seu orçamento mensal, que por certo fará falta na farmácia.
Felizmente existem os lares (residência para pessoas idosas) único modelo de intervenção social com serviços de apoio domiciliário, estruturas que, ainda, dão trabalho a muitas famílias destas aldeias.
As histórias destas nossas vilas e aldeias, cercadas de campos e de muitos silêncios se vão escrevendo lentamente, dia-a-dia nas rugas sábias dos mais velhos, sentados ao sol, a desfiar as memórias dos dias, por detrás destes rostos, tisnados pelo sol, há muitas histórias de vida.
Muitos deles, ex-emigrantes em França, foram “a salto” pela calada da noite “novos e velhos, buscando a sorte noutras paragens.” “De olhos molhados, coração triste, de saca às costas” despediam-se com um beijo furtivo da esposa, mais um beijo apressado nos filhos que dormiam, partindo para o desconhecido, o negro, com metade da sua foto no bolso, a outra ficava na posse do passador, esperava-os o incerto e a esperança de dias melhores para que os seus filhos tivessem uma vida melhor e mais digna.
Muitos que regressaram agora já idosos continuam a ser vulneráveis, carências de toda a espécie transformam a vida num mar de dificuldades.
Oxalá, que o dia do Idoso seja todos os dias do ano com a devida atenção a quem merece ser tratado com dignidade e respeito. De facto, a componente humana deverá ser a essência das nossas “pequenas” comunidades” freguesiais”