Infelizmente, mais uma vez, temos a “guerra” dos incêndios, com meio País a arder, por via das elevadíssimas temperaturas, pela falta de prevenção especialmente na limpeza de matas e florestas e, também, devido a variadas outras causas.
Ano após ano tem crescido o investimento em aviões, helicópteros, drones, carros e outros equipamentos, no entanto, infelizmente este “círculo vicioso” do fogo, continua nesta “época dos incêndios” como a intitulam, a atormentar-nos, a destruir floresta, pertences e património.
E, como é natural, o dantesco cenário do interior do País a arder acompanha-nos em todos os horários em todos os canais televisivos, que multiplicam em “diretos”, tantas vezes sem qualquer interesse jornalístico e apenas para “explorar” o estado constrangido das pessoas que perderam os seus bens, e que viram ameaçada a própria vida.
Mostram um mundo rural esquecido, habitado na maioria por idosos. Um território de caminhos esburacados, de casebres e barracões agrícolas com ervas daninhas a trepar pelos muros, com arvoredo nos telhados, animais acorrentados…somos um País de risco ao meio!
As causas deste flagelo são muitas e todas válidas, muitas décadas de má gestão do território e de abandono do Interior, quem se detenha a fazer uma exigente pesquisa em torno desta problemática do despovoamento do interior de Portugal verificará que foi nas aldeias que mais conduziu ao inquietante abandono e quase total vazio humano, ao dramático êxodo das populações para o Litoral e, aos movimentos migratórios externos que originaram uma progressiva desertificação desta região.
Cadastro de terras sem ser atualizado, abundam leiras que não se conhece o dono, ou que estão ao abandono, onde o mato cresce sem controlo e, infelizmente, nem a floresta pública é um exemplo de organização e método. Abandonar as terras é o maior dos crimes que podemos cometer contra o equilíbrio ambiental, terras que secam, solos que não produzem, mato seco que ninguém trata, originarão sempre incêndios.
As medidas anunciadas de prevenção devem ser aplicadas e fiscalizadas. Mas ninguém tem dúvidas é preciso mais. E, é preciso mais ao longo do tempo, não mediadas avulsas tomadas no imediato, que depois, muitas vezes, são esquecidas e abandonadas. E, políticas muito mais voltadas para a prevenção. O planeamento deste território no domínio dos recursos agroflorestais deve constituir uma questão de cidadania, de todos os governantes e da população em geral, tendo em vista um espaço preservado e cuidado.
As televisões que aparecem com “diretos” a toda a hora com os analistas, os especialistas e outros que estão sempre prontos para fazerem os inúmeros diagnósticos e suas resoluções, só que quando as chamas se extinguirem e a “época dos incêndios” terminar, passa apenas a ser uma memória defunta e esquecida.
Nesta “guerra” dos incêndios, têm sido os bombeiros, quase sempre, efetivamente os verdadeiros guerreiros contra este inimigo do fogo.
“Triste sina” a nossa! É bom lembrar, que o fogo é ladrão, e que a qualquer momento pode bater à porta de cada um.
Prevenir, zelar, cuidar do nosso território deve ser uma obrigação de todos.