A disposição emocional que expressamos no tempo actual é comparável a um sabor agridoce. Por um lado, após um período de emoções ao rubro, prevalecem sentimentos de medo, tristeza e ansiedade, por outro, um misto de ilusão e esperança no futuro.
O País continua nas garras de uma pandemia global e da concomitante crise económica com mais de 16.700 portugueses mortos, um sector económico debilitado e moribundo, e milhares de pessoas sem trabalho.
Há um ano, mais precisamente no dia 23 de Março de 2020 tivemos, na Cova da Beira, o primeiro caso positivo para COVID-19.
O novo Coronavirus mudou o mundo e as nossas vidas. Para prevenir e aumentar a proteção à doença Covid e salvar vidas ficámos confinados a espaços mais restritos, mais distantes uns dos outros e menos encontros sociais; face ao azar de ser suspeito ou ter doença covid, com ou sem sintomas, temos que ficar em “prisão domiciliária” e, no domicílio, afastados e isolados da restante família; nos hospitais e centros de saúde criámos espaços Covid e não Covid; Criámos barreiras e reduzimos o acesso às consultas presenciais; Implementámos a teleconsulta e aumentámos os contactos não presenciais; definimos serviços mínimos, garantindo consultas com maior grau de urgência e o atendimento das pessoas mais vulneráveis e de maior risco. Apontámos baterias à pandemia, centrámos os cuidados mais na doença ao invés de os centrarmos no doente. As consultas presenciais nos hospitais e centros de saúde foram as mais penalizadas. Ficaram para trás doenças não covid, restas-nos avaliar o impacto desta opção na saúde das pessoas, porventura vamos ter agravamento e evolução menos controlada de doenças crónicas.
No último ano passámos a viver de outro modo, com outros hábitos e outros cuidados, fruto sobretudo da imposição de medidas restritivas legitimadas por legislação feita à medida para nos obrigar a cumprir. Se assim não fosse muitas das medidas não seriam acatadas. Passámos a viver com outra exigência para manter e preservar a saúde individual, da família e comunitária. Teria corrido melhor se fossemos mais exigentes e adoptássemos comportamentos mais responsáveis.
Nas nossas conversas domina a saúde, falamos de desconfinar sem descontrolar a pandemia, de vírus e suas variantes, de testes e vacinas, de novos casos, óbitos, casos activos e recuperados, sempre com a esperança no olhar quando olhamos para os números. No propósito de manter uma situação epidemiológica favorável a juntar à vacinação, poderemos ter uma situação próxima do normal.
Precisamos de segurança e tranquilidade no futuro com o esforço de todos.