Um Rio que nos separa…

Pedro Silveira
Peraboa

Há mais de 25 anos que ando aqui a pregar os bons acessos à sede de concelho. Nunca houve interesse por parte das entidades competentes da Covilhã resolverem definitivamente esse problema. Peraboa, dista a 18 km da Covilhã, cujo Peraboense, entre outros automobilistas usam a estrada Municipal 506, conhecida entre nós como a Estrada da Ponte de Álvares diariamente para se deslocarem para o seu emprego, e não só. Sinto, muito sinceramente, que o Rio Zêzere isole tão fortemente as freguesias do Ferro e de Peraboa. Ouvimos diariamente: Somos um território de baixa densidade, ou seja, somos um Interior desertificado. As escolas encerram, os campos de futebol estão às moscas. Os ringues estão abandonados. O que nos resta? Valerá a pena investir nas acessibilidades até às aldeias? Valerá a pena investir numa estrada com dignidade até Peraboa? Sem o essencial, as vias de comunicação nunca poderemos travar a debandada dos que ainda cá resistem, e que querem fazer do Interior a sua verdadeira casa, pela calma, pela qualidade de vida. Porém, sem estradas estamos a acelerar a fuga das pessoas. O que, tanto Peraboa como o Ferro quer é uma estrada com dignidade, onde se possa circular em segurança. Se transitarem da Covilhã até Peraboa pela Ponte Álvares a via até à dita ponte está ótima. Tudo perfeito. Passamos a fronteira (o Zêzere), a estrada parece um caminho de cabras. Perguntamos todos: há dois concelhos? Há freguesias do concelho da Covilhã de primeira e segunda? As populações do Ferro e de Peraboa merecem mais e melhor. Afinal, as assimetrias não são somente entre Interior e o Litoral. Há outras, entre a margem esquerda e direita do Rio Zêzere. Lamento, mas tenho de afirmar que somos duas freguesias resilientes, conformadas, sem sentido crítico. É neste ponto que sinto e confesso que vivo no Interior. Há espaço, sem vias de comunicação para dizermos aos jovens para ficarem nas suas aldeias e vilas, sem o essencial? Hoje, não tenho coragem de dizer aos de cá, para ficarem. A estrada nacional que passa pela freguesia do Ferro está igual, como há cinquenta anos. Faltam rotundas, falta o alargamento de pontões. Vejamos: se resolver visitar Peraboa pela estrada Ponte Pedrinha ao entrar no Ferro e dentro da freguesia a via está em péssimo estado de conservação. Deixamos a Vila, entramos no calvário até à nova rotunda nova. Que solução para Peraboa e Ferro? Mudar de concelho será a solução? Realizar um abaixo-assinado a exigir boas acessibilidades? Criar um movimento? Reivindicar junto da assembleia Municipal? O que as comunidades de Peraboa e Ferro já fez para contrariar essa situação? E as juntas de freguesias de ambas freguesias? A estrada camararia entre Peraboa e Castanheiras está verdadeiramente abandonada. Que concelho queremos ser? Espero que as minhas dúvidas e inquietações chegue a quem de direito. O esquecimento da margem esquerda do Rio Zêzere é uma realidade.

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