“Cova da Beira Converge”, em Movimento de participação

Correio de Caria foi convidado em cima da hora para um encontro, no dia 28 de janeiro que decorria no edifício da Junta de Freguesia de Belmonte. Cerca de meia centena de pessoas, na sua maioria estrangeiros e discutiam formas e modos de desenvolvimento regional na Cova da Beira, com preocupação social, económica e ambiental, numa perspetiva de democracia económica e sustentável.
No sentido de percebermos melhor esta dinâmica marcámos encontro com as responsáveis do “Cova da Beira Converge”, a professora da UBI, Anabela Dinis e a dirigente da Pradiipa, Filipa Costa.
Percebemos que o “Cova da Beira Converge (CBC) é um movimento de organizações e cidadãos que se unem para criarem um Plano Participativo de Desenvolvimento da Cova da Beira, cujo objetivo é definirem ações concretas que aumentem a resiliência desta bio região, fomentem a participação cidadã, impulsionem a economia local e aumentem o nível e a qualidade de vida da população”.
O Movimento está em constituição há cerca de um ano, e teve como ponto de partida um diagnóstico participativo, promovido por uma ONG (PRIP) que já desde 2013 intervém na Região e tem como principais preocupações os mesmos princípios. Os participantes estrangeiros, são pessoas que se fixaram no nosso território, têm vontade de contribuir para o desenvolvimento regional e de a partir do diagnóstico das dificuldades, propor soluções e novos projetos, podendo-se até replicar, algumas das muito boas práticas que existem em Portugal e no Mundo, algumas das quais até têm linhas e fontes de financiamento para serem implementadas.
O Diagnóstico Participativo recolheu dados sobre a economia Portuguesa e o seu posicionamento na Europa, assim como da região da Cova da Beira e os Recursos nela disponíveis.
Foi feita análise aos dados estatísticos da região, em aspetos como a economia, emprego, educação, saúde, indústria, recursos naturais, demografia, fluxos migratórios, entre outros. Contando com a colaboração de vários interlocutores, através da partilha da sua experiência e ponto de vista sobre as particularidades da região. nomeadamente a Universidade da Beira Interior, Associações Empresariais, cooperativas, autarquias, IPSSs, etc.

A “Progressive Futures Foundation” financiou este projeto que teve início há dois anos e decorre até Abril de 2023, destinando-se a apoiar a equipa que efetuou o diagnóstico participativo e que tem vindo a acompanhar o projeto.
Entre os principais problemas o diagnostico identificou, muitas das dificuldades que já são conhecidas Nomeadamente:

  • O despovoamento e Envelhecimento da população.
  • A Falta de cooperação & Falta de plano estratégico regional
  • Falta de oportunidades de emprego e falta de mão de obra
  • Salários baixos
    Localizou também potencialidades e recursos inexplorados na Cova da Beira, como:
  • Potencial agrícola: um clima muito favorável e bons solos para a prática agrícola onde uma vasta gama de produtos pode ser cultivada.
  • Uma qualidade de vida aceitável, ambiente saudável pela proximidade da natureza, um ritmo de vida mais tranquilo, bastante valorizada pela facilidade de acesso a serviços, o maior tempo disponível para as pessoas fazerem outras atividades de lazer, etc.
  • Um património natural e cultural rico: Os recursos naturais, a qualidade do ambiente natural, a genuinidade dos produtos regionais, a riqueza da sua história e o património cultural material e imaterial .
  • Forte Potencial de turismo, nas suas várias vertentes: Turismo de Natureza e de Montanha, turismo cultural e histórico, Turismo de Saúde e Bem-estar…
  • Educação de alta qualidade: A Universidade da Beira Interior é vista como uma grande referência do Ensino Superior a nível nacional e internacional, mas também outras ofertas educativas de referência como Politécnico de Castelo Branco, a Escola Profissional do Fundão, a Escola Profissional da Lageosa.
  • A Centralidade Ibérica: 2 horas de Salamanca e 4 horas de Madrid. Para o comércio e internacionalização de grandes empresas estrangeiras à procura de novos locais para se estabelecerem
    O Diagnóstico Participativo apontou também algumas soluções sugeridas para o desenvolvimento da Cova da Beira, nomeadamente:
  • Inovação, marketing e internacionalização de produtos locais
  • Estratégia conjunta de desenvolvimento para a Região
  • Partilha de recursos e infraestruturas
  • Promoção Turística Conjunta
  • Atrair Investimento estrangeiro
  • Afirmação e Promoção da Marca Cova da Beira
  • Soluções tecnológicas para as necessidade de resposta regional.
    O principal objetivo deste projeto é criar um plano de desenvolvimento integral para a Cova da Beira, procurando utilizar e valorizar os recursos endógenos da região, tanto humanos como naturais, permitindo o desenvolvimento de ações concretas para impulsionar a economia local e aumentar a qualidade de vida da população.
    Um processo de planeamento que pretendem participativo, com envolvimento das comunidades e organizações locais, considerando fundamental a participação das entidades governativas, como as autarquias e as organizações e não governamentais de diversas esferas (empresarial, cooperativa, educativa, social, cultural, sanitária, etc.).
    O Cova da Beira Converge, está agora a procurar coletivamente formas e estratégias para se financiar, através de vários fundos de entidades nacionais se europeias.
    Nesta perspetiva realizaram-se depois encontros nos três concelhos abrangidos, com um arranque que foi dado no dia 19 de novembro com um encontro na UBI, onde se envolveram várias dezenas de pessoas e se avançou para um trabalho de grupos com várias áreas temáticas: Educação; Justiça e Bem Estar Social; Planeamento do Território Urbano e Rural; Agricultura; Ambiente; Cultura

  • No dia 17 de dezembro o Movimento reuniu pela segunda vez no Seminário do Fundão, com uma participação ainda mais alargada, cuja abordagem foi a dinâmica para o trabalho de grupos e o foco na clarificação dos propósitos nas iniciativas que querem implementar na região.
    No dia 28 de janeiro, onde o Correio de Caria já participou, teve lugar o terceiro encontro deste movimento, que tem caraterísticas sui-generis e talvez por isso difícil de descrever por escribas convencionais. Afinaram-se ainda algumas metodologias e os contributos dos grupos de trabalho temáticos, houve uma dança de roda e atuação de dois artistas locais.
    No passado sábado dia 25 de fevereiro, o Cova da Beira Converge voltou à Covilhã nas instalações da Colabora (edifício do antigo ciclo preparatório) para a quarta reunião presencial. Aqui o encontro teve uma primeiro momento, com uma apresentação de vários projetos inovadores que dentro dos mesmos princípios, ou aproximados ao Cova da Beira Converge têm sido criados em vários pontos do Mundo e também em Portugal e na nossa região. Passou-se depois a uma recolha de contributos e criação de um grupo de trabalho para a elaboração de um ”Manifesto” deste Movimento e depois a reflexão conjunta nos Grupos de Trabalho, já constituídos. Culminou a sessão com uma partilha das reflexões e conclusões em grupo, que Correio de Caria divulgará em próxima peça, uma vez que o nosso jornal continuará a acompanhar esta dinâmica coletiva.

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