Falar de abelhas nos dias que correm é abordar muito mais que o tema da apicultura, se bem que com a atividade apícula se cruzam um conjunto de questões relacionadas com a botânica, a genética, a ecologia, o trabalho, o lazer a economia, o marketing, organização agricola e florestal, não excluíndo a própria educação e a cidadania.
Falar de abelhas foi assim o ponto de partida para um Almoço/Palestra e Tertúlia que ocorreu no dia 4 de Janeiro, na Praia Fluvial de Unhais da Serra, cuja organização coube a António Duarte e ao concessionário do bar restaurante deste espaço, com o duplo propósito: proporcionar reflexão e debate sobre a atividade apícula e manter vida durante o inverno neste espaço de excelência paisagística e ambiental.
Compareceram cerca de duas dezenas e meia de convivas na sua maioria apicultores com pequenas explorações na região, um técnico da “Pinús Verde” Engº João Mesquita e Marisa Gonçalves, engenheira zootécnica que se tem dedicado à investigação sobre “abelhas rainha”, seleção de castas e melhoramento genético da abelha, desenvolvendo projetos piloto, no Brasil e em África.
A animadora começou por testemunhar a sua experiência pessoal ligada a esta paixão das abelhas que por sinal começou num encontro deste género aqui na região, “há oito anos vim fazer um curso sobre criação de rainhas e a partir dessa experiência já voei o Mundo atrás das abelhas”, referindo que a casta de abelhas mais frequente em Portugal (Apis melífera) é das melhores e mais produtivas, assim como as condições climáticas de Portugal e a flora, as propícias para um dos melhores meis do Mundo.
Testemunhou sentir em Portugal muita falta de ligação entre os dois saberes: o cientifico e da investigação e o da experiência exercida no terreno pelos apicultores.
Falou-se muito de “união” ou falta dela, entre os apicultores para definirem estratégias que permitam valorizar o seu produto que ”é dos melhores” mas raramente é assim reconhecido.
No caso concreto dos constrangimentos da atividade apícula provocados quer pelos incêndios, a invasão da vespa asiática e a proliferação das doenças genéticas como a farroa, foram dados alguns esclarecimentos e se como é conhecido a questão dos incêndios tem relação com a organização agricola e ordenamento florestal, já no que diz respeito às pragas, a forma de lhes fazer frente é a prevenção e o ataque rápido aos primeiros sinais.
Falou-se ainda de necessidades de valorização do mel através de certificações, consolidação de marcas e recurso a algum marketing para as afirmar. Situações que passam por os apicultores se organizarem juntando-se, mas também em as organizações existentes assumirem esses papeis.
O encontro foi à volta da mesa em almoço de convívio e bem regado, entremeado com momentos musicais brindados por António Duarte e abrilhantados no final por Isabel Bicho, que também trouxe a sua graça e bela interpretação musical a este Almoço/Palestra/Tertúlia que abriu o ano no “Lazer Parque de Unhais da Serra”.
Jorge Henriques Santos