Bairrismos e Jornalismos… Editorial

Vivemos ainda um período de resquício feudal, com alguns fragmentos fascizantes, próprios de muitos séculos sem liberdade de expressão. Pequenos sinais que se tornam mais evidentes à medida que nos afastamos das grandes esferas do poder central, para acompanhar as nossas isoladas terras, onde um resto de Poder Senhorial ainda predomina.
Na nossa democracia parece que se permite toda a liberdade de dar tareia no Governo Central, mas se localmente alguém disser que “O Rei Vai Nu” é porque é ignorante, insurreto e “incompetente para o cargo”. Tratando-se de jornal até se diz logo que “isso não é jornalismo”, tal é o costume já padronizado da unanime bajulação no pequeno poder provinciano…
Como refere o nosso colaborador Paulo Silveira no seu artigo deste mês, “A informação de proximidade continua a ser um bem público indispensável na valorização das comunidades”. Prestar esse serviço com sentido de justiça, rigor e independência é que é o desafio que muitas vezes se coloca em duelo, com quem diz que apoia, mas chantagia porque até está convencido que sustenta a imprensa regional…
Como noutras ocasiões já referi, os bairrismos não têm de ter uma dimensão de conflito, de briga ou de combate… Já não estamos no tempo dos “jogos de futebol entre Belmonte e Caria que acabavam à pedrada…”, mas estamos no tempo de ser legitimo cada um querer “fazer melhor pelo seu bairro” e uma população se poder mobilizar para apoiar a sua equipa de jovens num torneio distrital, como aconteceu este mês. Não há mal nisso nem isso pode significar discriminação apenas por ter no nome “Caria…”
Depois como no clássico da literatura espanhola “livro das bestias” há sempre “a raposa” que semeia a intriga e leva um recorte de jornal, ou uma fotografia para atiçar o conflito e ganhar a “benesse do rei”…

Jorge Henriques Santos,
Jornalista – CPJ 3354

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