Manifestação “Memorável” contra as Portagens na A 23 e A 25


Utentes da A23 e A25 promoveram hoje uma marcha lenta de protesto contra o pagamento de portagens e exigirem ao Governo um programa com reduções “efetivas” até à abolição.

A manifestação foi organizada pela Plataforma P’la Reposição das Scut reuniu pelas 17h30m na rotunda da entrada norte da A/23 no Fundão, as viaturas em protesto saídas das cidades da Guarda (rotunda do G, às 16:00), da Covilhã (Jardim das Artes, às 16:45) e de Castelo Branco (campo de futebol, às 16:45) para ali confluir em grande buzinão

Os trajetos foram feitos pela estrada nacional, porque “não há dinheiros para portagens”, explicaram os organizadores, mas naturalmente também por questões de impacto visual, uma vez que coincidindo com as saídas do emprego e confluído naquela zona industrial, provocaram assinalável constrangimento e impacto nesta via.

Além do impacto a ação foi das de maior mobilização, referindo Luís Veiga, do movimento empresarial “Pela Subsistência do Interior”, que a adesão verificada mostrou a região unida em torno desta causa é memorável e foi uma manifestação portentosa daquilo que os beirões são capazes de fazer quando se sentem injustiçados. Salientando que “são dez anos de portagens numa via onde não deviam ser cobradas porque não temos alternativas e foram centenas de viaturas que aqui estiveram a demonstrar a força da Beira Interior”, acredita que este buzinão seja ouvido em Lisboa e os deputados tenham oportunidade de no âmbito da discussão na especialidade do orçamento de estado para 2020, consigam encontrar uma proposta alternativa à que foi apresentada, de uma redução de 25 por cento a partir da oitava passagem mensal.

Luís Garra da União dos Sindicatos de Castelo Branco referiu que “nós não estamos a pedir nada do outro mundo mas apenas que nos reponham aquilo que já tivemos… Há propostas de abolição e de redução e o apelo que nós deixamos é que encontrem uma solução consensual….Os deputados têm agora oportunidade de demonstrar os que realmente  estão e não estão com o interior”. 

Marco Gabriel, presidente da Junta de Freguesia da Boidobra e também membro da comissão de utentes da A 23, referiu que “a participação das populações nesta marcha representa um cartão vermelho à proposta do governo que não serve os interesses da região num processo que teve inúmeros avanços e recuos… A proposta do governo não serve os interesses de quem aqui vive e trabalha, das empresas que aqui estão localizadas e, portanto, só há uma solução que é no orçamento de estado discutir-se a abolição ou uma redução significativa dos custos de contexto que as portagens significam para a região”. 

José Gameiro, presidente da associação empresarial da Beira Baixa acredita que depois desta iniciativa, a reivindicação da plataforma vai finalmente ser ouvida “nós tínhamos avisado que iriamos engrossar a voz e hoje só não vê quem não quer, a revolta das pessoas. É impressionante a quantidade de viaturas que estão nesta marcha porque esta medida está a trucidar o interior. Para além da pandemia, as portagens estão a dar cabo da nossa região e das nossas empresas. Não podemos continuar da mesma forma”.

Da parte dos municípios, o do Fundão é quem se tem mostrado mais empenhado neste processo, onde Miguel Gavinhos, vice-presidente da autarquia do Fundão disse à rádio Cova da Beira que “perante aquilo que são as intenções do governo é preciso tomar outras medidas e não podemos excluir nenhuma. Se temos taxas municipais para a utilização do subsolo para as infraestruturas de telecomunicações, porque não pensar na taxação do atravessamento de uma autoestrada e dos impactos que tem do ponto de vista turístico, económico e ambiental. Aquilo que aconteceu a esta região foi um vírus que chegou há uma década e é preciso haver uma união entre todos porque aquilo que vemos é que as portagens que são pagas nesta região estão a servir para projetos que neste momento estão em cima da mesa entre o governo e o IMT para conseguirem que os passes modelares do metro e dos transportes em Lisboa também cheguem aos táxis. Isto chegou a um ponto que já se considera escandaloso”.

Marisa Matias, candidata do Bloco de Esquerda à Presidência da República, também se juntou ao protesto e sustentou também que a proposta do governo não é suficiente e que não se pode pedir às pessoas que paguem ainda mais o custo da interioridade. Salientando que “Continuamos a ter um país muito desigual que precisa de coesão social e territorial. Precisamos de investir e muito nas redes de transportes e nas ligações em todo o país e garantir que há vias de circulação iguais para toda a gente e com igualdade de acesso. E se as pessoas que vivem no interior não tiverem vias de qualidade ou, quando elas existem, tem de pagar mesmo sem alternativas estamos a falar numa situação de muita desigualdade”

Esta ação foi marcada no mesmo dia em que o Governo anunciou um desconto de 25% nas antigas Scut [vias sem custos para os utilizadores], a partir do oitavo dia de utilização, redução que a Plataforma classificou como um “embuste”.

A Plataforma também se reuniu recentemente com os grupos parlamentares na Assembleia da República, lançando-lhes o repto de que, durante a discussão do Orçamento do Estado na especialidade, se unam numa maioria parlamentar que obrigue o Governo a reduzir o valor das portagens, até à abolição.

Por saber que a abolição imediata poderia pôr em causa o consenso, a Plataforma defende a proposta alternativa de aplicar a isenção do pagamento para os residentes, redução de 50% para os restantes veículos de classe 1 e 2, e a abolição até ao final da legislatura. Ainda assim, também ressalva que mais importante é aprovar uma proposta que se traduza em “ganhos concretos”, independentemente do partido que a apresente.

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