O COMBOIO VEM ATRASADO!

Foto: https://linhadabeirabaixa.com/

Alargamento da Linha da Beira Baixa


Fez dez anos (2009/2019) que o comboio da Beira Baixa deixou de passar em Caria e nas outras localidades entre a Guarda e a Covilhã. As primeiras notícias colocavam esta obra entre as 59 prioritárias apresentadas pelo Governo a Bruxelas em 2016 para 2017. Prevendo a obra ficar concluida no final do ano de 2018. Com efeito a obra arrancou em março de 2018, mas algumas semanas depois já se previa que não seria possível concluí-la até final do ano. Em noticias publicadas 13 semanas após o arranque da obra dizia-se que o consórcio se terá deparado com algumas surpresas, como a elevada dureza das rochas em diferentes zonas de alargamento da via, ou a existência de muitas linhas de água, que têm de ser controladas totalmente, a fim de evitar futuros aluimentos de terra. Levando o então Ministro Pedro Marques a corrigir o prazo de conclusão para o primeiro semestre de 2019. Pelo que não deixa de ser estranho que uma obra desta envergadura não compreendesse estudos prévios que prevessem essas necessidades….
Porém no final de 2018, os autarcas da região foram informados pelo Governo que a Obra ficaria concluida até final de 2019. No final deste ano, do comboio nem o apito e nas obras verificamos que muita coisa há ainda por fazer. Da parte da infraestruturas de Portugal entidade responsável pela obra, a unica informação que coseguimos arrancar é que: “ a empreitada de modernização da Linha da Beira Baixa, Covilhã – Guarda, tem conclusão prevista para o 3º trimestre de 2020”. (novidade) atualizada já que as noticias publicadas recentemente referiam o segundo trimestre. Recorde-se que:

  • Prazo de execução das obras: 18 meses (previsão de reabertura a Setembro de 2019)
    Parecendo que uma das maiores cascteristicas desta linha “comboio vem sempre atrasado”. Como uma prestigiada personagem da região comentava recentemente,”desta vez vem tão atrasado que já quase passageiros não encontra em muitas das vilas e aldeias do seu percurso”. Porém troço em causa que tem apenas 46 quilómetros é fundamental para voltar a integrar a linha da Beira Baixa na rede ferroviária nacional, constituindo uma segunda via de ligação à fronteira de Vilar Formoso, tão fundamental para a aproximação da Espanha a Portugal e do Pais à Europa da qual cada vez mais depende . Também segundo vários estudos feitos esta obra traduz-se num grande impacto não apenas na região, mas para todo o tráfego de mercadorias e alívio das circulações rodoviárias, com enormes impactos económicos e ambientais (numa altura em que as alterações climáticas são a ordem do dia) já que se estima uma grande redução redução da circulação de mercadorias na A/23.O investimento no troço (Guarda-Covilhã) prevê a substituição integral de carris e travessas, eletrificação e instalação de modernos sistemas de sinalização e telecomunicações.
    Vão ser intervencionados todos os apeadeiros e a estação de Belmonte vai ver as suas linhas ampliadas para permitir cruzamentos de comboios de 600 metros. Benespera, Caria e Barracão vão ver os seus edifícios “recuperados”. Maçainhas terá um abrigo (possivelmente igual aos de Caria e Belmonte)
    Vão ser automatizadas 18 passagens de nível e uma vai deixar de existir,: a do Barracão, que será substituída por uma passagem inferior
    As restantes informações eram conhecidas (intervenção em 6 pontes e a construção da concordância das Beiras)”
    Muita expeculação se faz na região sobre a real situação desta obra, andaimes montados, pessoal em trabalho e obras a decorrer, porém num ritmo que diriam alguns “não é proprio desta região”, fala-se em falta de verbas, falhas em alguns concursos, insuficiência de material, insuficiente pessoal, falta de resposta da indústria metalomecância e até, por ultimo dse fala no desvio de verbas cabimentadas nesta obra para cobrir buracos financeiros na banca.
    Estas questões colocou o Correio de Caria a Miguel Pereira do gabinete de imprensa da Infraestruturas de Portugal, nomeadamente:
  • porque derraparam os prazos previstos?
  • Se nalguns pontos a obra parou ou continua a funcionar?
  • Se as várias empreitadas vão prosseguir a bom termo.
  • Se todas as fases já foram adjudicadas.
  • O que foi feito e o que falta fazer.
    Ou seja gostávamos de fornecer aos nossos leitores o ponto de situação da obra. A resposta não nos chegou até ao momento de fecho desta edição.
    António Rocha, presidente da Câmara de Belmonte, disse aos órgãos de comunicação social, a propósito dos desejos para 2020 que um dos principais era o comboio voltar a passar em Belmonte, apesar de verificar com muita pena que o Estado está a “construir uma linha no século XXI, com passagens de nivel do século XX”.
    A este propósito há na região que venha dando conta da evolução da obra através de um site não oficial linha da Beira Baixa (linhadabeirabaixa.com) onde um grupo de amigos da linha da Beira Baixa, vai atualizando com fotos, noticias e vídeos. Colhemos aí algumas informações que transcrevemos:
    …“ Afinal não foi na década de 2010 que esta imagem se voltou a repetir. Ditou o destino que a obra encarregada de devolver o comboio ao vale da Teixeira sofresse 2 atrasos, atirando a reabertura para o próximo ano e, como consequência, para a próxima década. Contudo a obra continua, e nós por cá continuaremos a acompanha-la. Esperemos que nos próximos 366 dias possamos voltar a ver esta imagem, mas ao vivo….
    … A ponte da Carpinteira certamente entrará em 2020 sem a nova estrutura metálica, mas não deverá ser por muito tempo, visto já existir um acesso à ponte do lado do bairro do Rodrigo !
    …. Entre a Covilhã e Caria já são poucos os locais sem postes de catenária, embora ainda haja algum trabalho a fazer e imprevistos de última hora para tratar como pequenas derrocadas. Já na recatada ponte do Zêzere II o tabuleiro de betão ainda está a ser terminado, sendo que falta também ligar um dos encontros ao canal da via. Um agradecimento especial a Samuel Inácio pela partilha destas fotografias!
    O prolongamento da linha 1 de Belmonte onde podemos ver o aproveitamento das travessas bi-bloco que sobraram da intervenção de 2009 e que aguardam agora os carris. Por falar em carris, os mesmos já estão às portas do Barracão (junto à já suprimida passagem de nível)! Finalmente, entre o apeadeiro do Sabugal e o túnel avista-se a construção de uma estrutura de betão junto à antiga balança do cais de mercadorias.
    Apesar do desprezo que a empresa publica do Estado, parece demonstrar, pelas isoladas populações do interior, não perdemos a esperança de voltar a ver “o comboio apitar e ir cheio de moças para a Covilhã, esperando que esta seja de fato a grande inauguração de 2020. jhs