“Crónicas de Um Insubmisso” é o ultimo livro do Coronel Duran Clemente, (capitão de Abril) e foi apresentado no passado sábado dia 9 de março em Penamacor.
A iniciativa coube à Junta de Freguesia de Penamacor, em colaboração com a Dra. Dulce Simões e o Dr. Francisco Abreu, que apresentaram a obra, na Sala da Música do Ex-Quartel, de Penamacor., contando também com a colaboração de Manuel Robalo e José Lopes Nunes (JOLON).
O livro apresenta um conjunto de crónicas, uma boa parte publicadas em blog pelo autor e outras nalguns jornais. Nelas relata episódios da sua vida no antes durante e depois do 25 de abril de 1974.
Com o seu perfil de insubmisso (ou insubordinado do sistema) Manuel Duran Clemente, já oficial do exercito, participou no Congresso de Aveiro do CDE – partido que na ocasião organizava a oposição ao regime. Num incidente que ali ocorreu acabou por ser identificado, foi objeto de um processo disciplinar militar e em consequência desterrado para fazer serviço na Guiné. Ai acaba por se juntar com outros capitães que se manifestavam descontentes com o regime, sobretudo pela carnificina da Guerra Colonial. Este núcleo de militares acaba por estar na origem do Movimento das Forças Armadas que levaram a efeito a Revolução libertadora do 25 de Abril de 1974, faz agora 50 anos.
Esta obra agora apresentada a público em Penamacor, para além de se construir com memórias suas de família e infância, procura esclarecer muitos equívocos e deficientes informações que, ao longo dos anos, têm alimentado os estudos e investigações sobre aquelas jornadas de luta em prol da liberdade, da democracia e da dignidade.
Nesta sua obra, Duran Clemente aborda “Os Caminhos de Abril” fazendo referência à vigília da Capela do Rato; ao III Congresso da Oposição Democrática, que decorreu em Aveiro, assim como ao ambiente que se vivia pouco antes do 25 de Abril entre os oficiais na Guiné. Aborda depois os tempos desde a “Revolução” à “Contrarrevolução”, melhor esclarecendo o que se passou efetivamente no 25 de Novembro e os incómodos causados pela então 5ª Divisão, e que nem sempre chega à informação e conhecimento do grande público; não esquece também as injustiças e falsidades que foram sendo construídas relativamente a muitos dos militares de Abril nos anos que se seguiram, quer em ambiente militar, quer mesmo no âmbito das intervenções e decisões políticas, não duvidando que as “Lutas pela Memória” são também “Lutas pelo Futuro”, chegando mesmo a considerar que as “Saudades do Ditador?” só podem ser “Ignorância ou Manipulação?”
Filho de um Sargento, natural da Capinha (Fundão),que aqui desempenhou as suas funções militares na então 1ª Companhia Disciplinar, Manuel Duran Clemente sempre manifestou o seu orgulho por nesta pequena Vila beirã ter vivido entre os 4 e os 14 anos e aqui iniciado a sua escolaridade, até ao momento em que ingressou na Academia Militar. Com frequência vem a Penamacor onde matém fortes laços afirmando que apesar de nascido em Almada, considera a sua terra Penamacor.
Duran Clemente vai voltar a Penamacor no dia 25 de abril 2024, a convite da Câmara Municipal e, como já foi divulgado na nossa edição em papel, vai estar em Caria no dia 27 de abril 2024, para as comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril e 100 anos de Elevação a Vila.
Em sequência destes convites e da sua ligação à Beira Interior, o capitão de Abril vai ser homenageado no dia 28 de abril num Encontro de Autarcas do Fundão no Alcaide e no Aniversário da Freguesia da Capinha no dia 11 de junho.