Entrevista com António Júlio Garcia

António Júlio Garcia é outra das figuras incontornáveis na história e na sociologia de Belmonte. Resistente antifascista e preso pela PIDE, primeiro presidente da Câmara de Belmonte, após o 25 de Abril e presidente deste executivo em mais dois mandatos um pelo PRD e outro pelo Partido Socialista. A ele se atribuem, o salto para a Democracia e muito da imagem e do património de Belmonte.

Jorge Henriques Santos

Correio de Caria- Onde nasceu, onde foi criado, profissão dos pais, quantos irmãos?
António Júlio Garcia- Sou natural da Guarda; tenho dois irmãos; o meu Pai foi médico e minha Mãe professora; quando meu Pai faleceu a Cidade atribuiu o seu nome a uma das ruas da urbe. Na Guarda vivi e estudei até que fui para Coimbra, em 1963.

C. C.- Então foi daquela geração reivindicativa e insubordinada que começou a desafiar o regime (risos). Estudou o quê?
A.J.G.– Em Coimbra a minha casa foi a República Ay-ó-linda. Aí aprendi a viver em comunidade. Vivi intensamente o mundo académico. Frequentei o curso de Medicina. Entretanto seguiram-se tempos muito complicados; queríamos estudar tudo, queríamos aprender tudo, para mudar Portugal e o Mundo para melhor…; casei; fui preso político da ditadura; nasce o nosso filho; vem Abril de 1974, e assumo a Presidência da Câmara Municipal do Concelho de Belmonte; nasce a nossa filha; profissionalmente sou professor.

C. C – Mas disse-me que tinha vivido em Setúbal…
A.J.G.- Sim. Maria Antonieta, minha mulher, terminou a licenciatura em Românicas em 1968 e ainda nesse ano foi colocada como professora no Liceu Nacional de Setúbal. Entretanto eu ingressei no Serviço Militar e, colocado no Estado Maior da Região Militar de Lisboa, a meu pedido fui transferido para o Regimento de Infantaria 11, sediado em Setúbal. A cidade evidenciava-se no país como exemplo de gritantes assimetrias sociais. Com o que se não poderia ou deveria tolerar. Acreditávamos que a cultura era uma das formas de elevação do Homem, que levaria a obviar a esta situação de evidente injustiça. Nisso acreditávamos, e não só… (risos).

C. C – É aí que surge ligado ao Círculo Cultural de Setúbal?
A.J.G
.- Criámos o Círculo Cultural de Setúbal em 1969. Recordo, com saudade, quem nos acompanhou nesta iniciativa. É sempre conveniente não referir nomes, por esquecimento, alguns não irei mencionar. Mas neste momento lembro-me de Carlos Tavares da Silva, Tito Lívio, Fernando Cardoso (na altura Secretário do Governo Civil de Setúbal), António Santos Jesus, Maria Antonieta Garcia (minha mulher), José Afonso dos Santos (Zeca Afonso), Mário Brandão Ferreira, Maria Laurinda Ferreira, Abílio Ferreira, António Manuel Fráguas e Dimas Pereira, entre outros, como fundadores ou do início desta estrutura. Naquela época, mexeu muito em termos sociais e políticos na cidade de Setúbal. Recordo que nos primeiros dez meses de atividades realizámos cerca de 40 ações culturais ou socioculturais (em média, uma por semana).


C. C – Era natural que o regime reagisse!?
A.J.G
.- E reagiu! Como disse estava a prestar Serviço Militar em Setúbal. Fui compulsivamente transferido para o Regimento de Infantaria 14, em Viseu, violando toda a legislação militar… Dando, porém, cumprimento a uma imposição da PIDE/DGS (Polícia Política da ditadura instaurada em 28 de maio de 1926). A nota dizia: “…inconveniente a sua permanência na cidade de Setúbal”. Eu era o Alferes mais antigo e mais classificado da unidade militar, não tinha solicitado transferência, nem tinha tido nenhum castigo. O que aconteceu violou tudo o que a lei estipulava. Corria o ano de 1970 e situações semelhantes aconteceram a amigos que, estiveram na fundação do Círculo Cultural de Setúbal e que, na altura, estavam vinculados à instituição militar.

C. C – Foi então para Viseu. E a esposa ficou em Setúbal?
A.J.G
.- Por proposta do Diretor Geral do Ensino Básico e Secundário foi instalar e dirigir a Escola Preparatória em Penalva do Castelo, que dista cerca de 30 km de Viseu. Aconteceu que, aquando da sua atividade letiva em Setúbal, teve duas inspeções pedagógicas a que foram atribuídas classificações relevantes.

C. C. – E o António Júlio estava em Viseu?!
A.J.G.
– Sim. Mas no fim de agosto de 1971, exatamente um ano após o que me aconteceu em Setúbal, a minha situação repete-se. Sou compulsivamente transferido para Lamego, para instrutor numa Companhia de Comandos que aí estava a ser formada. Desta vez a nota dizia: “… inconveniente a sua permanência na cidade de Viseu”. E passados uns meses, em novembro, sou preso pela polícia política do regime, a PIDE/DGS.

C.C. – A esposa ficou sozinha em Penalva do Castelo?
A.J.G
. – Por proposta do Diretor Geral do Ensino Básico e Secundário foi instalar e dirigir a Escola Preparatória de Belmonte. Estava grávida do nosso filho. Meus Pais residiam na Guarda e meus Sogros no Fundão. Belmonte ficava a meio caminho entre a Guarda e o Fundão.

C.C. – É assim que vem para Belmonte?
A.J.G.
– Sim. É assim que a minha mulher vem para Belmonte. Eu estava no Forte de Caxias. E, entretanto, nasce o nosso filho, Alberto Álvaro.

C.C. – Mas prendem-no com que pretexto?
A.J.G
. – As pessoas juntavam-se, debatiam ideias, queríamos um país onde vigorasse a liberdade, a democracia, o primado do Direito, com liberdade de expressão e direito à informação. As acusações eram geralmente sempre as mesmas: subversão, atentar contra a segurança do Estado, pertença ao Partido Comunista.

C. C. – E pertencia?
A.J.G
.- A polícia política dizia que sim. Desde 1965!! Nessa altura era a organização onde se podia trabalhar mais eficazmente para derrubar a ditadura.

C. C. – Quando é que começou a ter atividade política?
A.J.G
.- Em 1958. Quando Humberto Delgado, foi à Guarda, foi proibida a saída do Liceu. Tinha apenas 14 anos, mas faltei às aulas para ir assistir.

C. C. – Mas assim em termos efetivos?
A.J.G
.- Em minha casa falava-se de política. Meu Pai, o médico Alberto Garcia era um dos rostos da oposição, na Guarda. Em 1945 integrava a Comissão Concelhia do MUD (Movimento de Unidade Democrática), cujos elementos foram presos pela PIDE, a polícia política. Sempre tive tendência para me ligar à intervenção cultural e naturalmente política.

C. C. – Então foi preso em 1971, para onde o levaram?
A.J.G
.- Estive na Casa de Reclusão Militar do Porto, porque, na altura, eu era oficial do Exército; na PIDE do Porto; nos Fortes de Caxias e de Peniche. Em Caxias, foi uma desgraça: 87 dias de isolamento e interrogatórios… E foram dois anos e tal nisto.

C. C. – Tortura. Chegou a ter?
A.J.G
.- O que é que esperava? … (Sorriso muito emocionado) Aquilo foi terrível…

C. C. – Vem o 25 de Abril de 1974. Onde estava nessa altura?
A.J.G
.- Saio de Peniche em dezembro de 1973 e passo a residir em Belmonte onde minha mulher era Diretora da Escola Preparatória. De manhã cedo telefona-me o meu amigo Vítor Teixeira comunicando-me que em Lisboa a tropa estava na rua. A minha primeira reação foi procurar saber “de que lado”. Passado pouco tempo começam a chegar notícias e estava a acontecer o que o País queria e de que precisava.

C. C. – Houve algum episódio marcante nessa ocasião?
A.J.G.
– Terá havido muitos, por certo. Mas neste momento recordo-me de três, curiosos e divertidos que aconteceram logo nos primeiros dias do Portugal Libertado. Éramos cerca de 30, os democratas dos distritos de Castelo. Branco e Guarda que aguardávamos Mário Soares e elementos do Secretariado do PS no exílio, em Vilar Formoso. O comboio deu entrada em Portugal cerca das 5 horas da manhã de 28 de Abril. Entre os presentes, eu, Maria Antonieta e meu Pai. As pessoas saíram, fomos para um café, conversar… e passado cerca de uma hora, o Chefe da Estação chega à porta e pergunta: “Sr. Dr. Mário Soares dá licença que a composição avance?” Resposta: “Pois é, temos de ir embora” e para nós, em tom divertido: “Já mando nos comboios”. A primeira entrevista a Soares no Portugal de Abril foi aqui feita por Maria Antonieta, para o Jornal do Fundão.
Recordo-me que no dia 30 de abril, quando me dirigi ao Posto da GNR de Belmonte para me apresentar, como todos os últimos dias do mês, na medida em que estava com residência fixa em Belmonte, o Comandante do Posto me dizer: “Sr. Professor, o que vem fazer? Lá que fosse eu a apresentar-me ao Senhor…”
Também não esqueço que no dia 25 de Abril, pelas 11 horas da manhã, com a nossa casa cheia de amigos, o Sr. Virgílio Melo, Regente da Banda de Belmonte bate à porta e pergunta: “Sr. Professor, a Banda pode sair e correr as ruas?” Resposta minha: “Que seja já e que os foguetes que o fogueteiro da Gaia lá tenha que venham para cima e estalem no ar”. E foi a festa.

1974 – Tomada de Posse da Comissão Administrativa Democrática da Câmara Municipal do Concelho de Belmonte.

C. C. – Depois veio o poder local de Abril, o senhor esteve na primeira linha e presidiu à Comissão Administrativa para a Câmara de Belmonte. Como foi esse processo?
A.J.G.
– Numa segunda-feira, depois do fim de semana passado fora de Belmonte, penso que o Amigo e comerciante Firmino Afonso Tavares me informou que tinham ocorrido reuniões de Democratas, muito participadas nas quais eu havia sido indigitado para Presidente. Também os nomes dos Vereadores tinham sido indicados. Passados uns tempos, o Governo Civil e Oficiais do Exército de Castelo Branco deram-nos posse dos cargos.

C. C. – E depois a gestão da autarquia?
A.J.G.
– Foi um período intenso, exaustivo. Como quase em todo o País, estava tudo por fazer. Tinham de construir-se condições dignas para as pessoas. Não só nas localidades maiores, mas em todo Concelho. A água, os esgotos e respetivas estações de tratamentos, as estradas, os caminhos, a beneficiação de escolas, criação de Jardins de Infância, a criação de habitações (sobretudo em Belmonte) … etc, etc, etc,… Por onde começar? Era o desafio. Começou-se tudo ao mesmo tempo. Sim, também a construção do Edifício da Escola Preparatória, depois C+S.

C. C. – Mas havia falta de habitação, já com o surto da emigração?
A.J.G.
– Em 1974 grande parte do parque habitacional dos portugueses tinha condições muito precárias. Depois houve um aumento do nível de vida das pessoas, com a criação do vencimento mínimo Nacional e não só. E em Belmonte foi a construção dos Bairros do Tronco, do Areal, Olival grande – 1.ª Fase e Olival Grande – 2.ª Fase.

C. C. – Depois veio a organização política dos partidos e o estabelecimento da Democracia. Por onde alinhou, filiou-se? Encabeçou listas?
A.J.G
.- Estava extremamente cansado. Não me candidatei a eleições. Tenho este terrível defeito de perfeccionismo. Quando estou, é para estar a tempo inteiro, manhã, tarde e noite, nem que seja a sonhar com o que realizar durante o dia. Mais tarde, em dois mandatos, frentes unitárias convidaram-me e à Dra. Manuela; encabecei essas duas listas. Concorremos os dois como independentes.

C. C. – Como professor empenhou-se também na organização sindical?
A.J.G
. – No início fui eleito Delegado Distrital, mas nunca concordei com o facto de os sindicatos serem conotados com partidos políticos, acho que isso desvirtualiza a essência do sindicalismo… Não repeti.

C. C. – Depois como evoluiu a sociologia política em Belmonte?
A.J.G
. – Sempre nos batemos por um certo unitarismo, frentismo e isso resultou muito bem na Comissão Administrativa da Câmara (1974 – 1976). Haja em vista o trabalho produzido e os resultados conseguidos. Pois, talvez por isso os partidos se constituíram no Concelho de uma forma tardia… De resto, a equipa que deveria gerir a Câmara Municipal (1977-79) eleita por listas partidárias, não chegou ao fim, dissolveu-se e teve de haver Eleições Intercalares…

C. C. – E essa sua filiação no PCP continuou? Como foi?
A.J.G
.- Depois do 25 de Abril já havia outras formas para pugnar pela melhoria deste País (risos)
.
C. C. – Nessa altura o Partido Comunista estava já com pujança; quem quisesse fazer intervenção com força, tinha mais condições organizativas?
A.J.G
.- Pois, mas não era isso que eu queria. Vamos ver, independentemente de eu respeitar muito quem está no PCP, há coisas que eu não aceito… Esta coisa de os fins justificarem os meios, por exemplo… Gosto muito de me rever na Declaração Universal dos Direitos do Homem…

C. C. – Mais tarde veio o fenómeno PRD, em 1985. O senhor integrou essa corrente, encabeçou a lista autárquica e Belmonte teve uma das três Câmaras PRD do País.
A.J.G
.- Ganhámos. Em Lamego, o Presidente da Câmara foi reeleito porque já o era pelo PPD; em Almeirim, foi reeleito o Presidente da Câmara que o era pelo PS. Nós…. Acreditei que era um movimento capaz de envolver este País, reunir as pessoas, de desenvolver um projeto que passaria pela honestidade, a determinação, a palavra, enfim… esses predicados que aprendemos no berço…

C. C. – Mas depois o partido!!?
A.J.G
.- Depois foi o que se viu, não houve condições. Mas eu nunca cheguei a aderir ao PRD, nunca me filiei.

C.C. – Mas nessa altura esta Câmara deu que falar: Muitas benfeitorias, classificações do património e obras de referência em Belmonte, a que o seu nome aparece associado e ainda hoje é referido. Quer destacar o que foi essa gestão?
A.J.G
. – Tenho dificuldade em distinguir precisamente esse mandato, porque também fiz o outro a seguir, eleito numa lista que encabecei, do Partido Socialista (Tinha acabado de aderir como militante ao PS). Assim, é-me difícil distinguir o que aconteceu no segundo ou no terceiro mandato. Também não sei se o primeiro, o da Comissão Administrativa não foi tão decisivo quanto os outros dois; mas esse está mais distante. Efetivamente nestas duas ocasiões (1974-1976) e (1986-1993) definiram-se uma série de linhas estratégicas para o Concelho e deu-se início à sua implementação. Felizmente tiveram continuidade.

1988 – Castelo de Belmonte. Dia de Camões
António Guterres, Amândio Melo, Maria Antonieta Garcia e José Costa.
António Júlio Garcia, Mário Soares, Alberto Romãozinho e D. José Garcia

C. C. – Quer destacar?
A.J.G.
– Seria fastidioso enumerar tudo o que foi feito. Até porque a entrevista já vai muito longa. Se um dia desejar falar só disto, falaremos. O que se fez e porque se fez. De qualquer forma digo que o que se tratava de infraestruturas básicas e não só, ficou praticamente tudo resolvido. Águas (captação e distribuição), esgotos e seu tratamento, recolha e depósito de resíduos sólidos, estradas, caminhos, escolas, equipamentos desportivos, sociais e clínicos, em Belmonte zonas de expansão urbanas em início de construção (Bairros do Pinhal do Carrola e de Santo Antão), projetos de duas variantes em Belmonte e outras duas em Caria (tendo ficado já executada a construção da variante Oriental de Belmonte), beneficiação de todo o sistema de distribuição de eletricidade em baixa tensão no Concelho, o levar da corrente elétrica até aos mais pequenos conjuntos de casas, até aos grupos de quintas… E sei lá que mais.
Abrindo as portas para um futuro eixo de desenvolvimento a passar pelo Turismo, Turismo Cultural, iniciaram-se as escavações em Centum Cellas, desenvolveu-se o projeto de revitalização do Castelo e da sua encosta (de que ficou feita a primeira fase); procedeu-se à classificação de Património em que o Sr. Vereador Manuel Marques teve uma ação meritória, dignificou-se o Posto de Turismo, a sua envolvente e a zona de acesso ao Castelo; deu-se um interesse muito especial ao estudo e divulgação de uma realidade belmontense – o Criptojudaísmo -; incluiu-se como funcionário da Câmara, a tempo inteiro, um arqueólogo, que me parece que não existia em todo o cordão do Interior do País, exceto Évora. Desenvolveram-se aproximações às Embaixadas do Brasil e de Israel.
Adquiriu-se um Lagar de Prensas para vir a instalar um Museu do Azeite. Que me recorde…

C. C. – E os museus?
A.J.G
.- Isso são as flores, já vieram depois (risos). Flores de que muito gosto. Belmonte, o Concelho de Belmonte é e está muito bonito

C. C. – Ainda mantém ligações a Belmonte?
A.J.G.
– Então não mantenho?! Belmonte é o meu concelho adotivo, dos afetos. Quando alguém me diz – estive na tua terra – pergunto sempre: em qual, na natal ou na adotiva? Belmonte onde, parafraseando Zeca Afonso, tenho “em cada esquina um Amigo”.

C. C. – Ausentou-se da atividade política, ou continua com alguma atividade política, ou de cidadania?
A.J.G
.- Sou militante de base do Partido Socialista, da Secção de Belmonte, e como costumo dizer “com as quotas pagas”. Quanto à atividade política, o meu partido gostaria e insistiu para que, em 1994, eu continuasse à frente da Câmara Municipal. Mas depois de 5 mandatos, 3 como Presidente da Câmara estava muito cansado. Mais importante, ou tão importante, como entrar, é saber sair. Em termos de cidadania, em tempos dei um apoio nos Órgãos Sociais do Teatro das Beiras, da Rádio Cova da Beira, presidi ao Centro Cultural do Fundão, que me lembre… Sim, já tem acontecido ser solicitado para falar sobre o 25 de Abril. Antes e depois. Nunca digo que não. Leio, faço as minhas reflexões, as minhas investigações, vou compilando material, sobretudo, sobre o Concelho de Belmonte e a sua História.

C. C. – Uma questão que não pode escapar numa abordagem sobre Belmonte é o Criptojudaísmo que agora até foi considerado Património Imaterial da Humanidade. Mas que a votação foi feita por chamadas de valor acrescentado. Que comentário?
A.J.G
.- Bem sobre o processo de votação, está tudo dito… Mas independentemente disso Belmonte fez bem, fez bem e demonstrou ter capacidade de mobilização para defender uma ideia e um conceito. Agora sobre a comunidade Judaica em Belmonte e o Criptojudaísmo, eu acho que a pessoa mais informada sobre isso é Maria Antonieta, minha mulher… Deixava isso para falar com ela, quando se entender.

C. C. – Que potencialidades vê no concelho e na região que podiam ser valorizadas?
A.J.G
.- Ao longo dos tempos, dos séculos, a mineração, a indústria extrativa trouxe sempre mais valias ao nosso Concelho. Hoje, se situação semelhante se deparar, com todos os cuidados que possam objetar à agressão ambiental, tal oportunidade deve ser agarrada. Temos água, terra e sol. Em moldes modernos, trabalhe-se a terra – os pomares, o azeite, o vinho (de que a Quinta dos Termos e o 2.5 são atualmente dois bons exemplos) e outros produtos em que poderemos ser favoravelmente concorrenciais. Façamos o que sempre soubemos fazer: Belmonte foi terra de sapateiros e costureiras – e não quero acreditar que, depois de tudo o que recentemente se passou no Mundo, os Europeus, os Ocidentais continuem a manter, a estimular a indústria produtiva na Ásia. Seria a hora de levar a sério e radicar no território a indústria transformadora de produtos da terra. O turismo é uma coisa que não se faz de um dia para o outro e tem sido uma aposta que tem vindo a ser ganha. Uma aproximação à Universidade da Beira Interior? Residência ou residências universitárias inseridas na natureza? Radicar artistas das várias áreas do conhecimento, alfarrabistas, antiquários, artesãos?

C. C. – Por último, que mensagem de presente e para o futuro destes tempos que decorrem.
A.J.G
.- Saibamos preservar a Democracia e a Liberdade. E a Esperança. E o Bem Fazer.

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