Editorial

Jornalista – CPJ – 3354A
O esforço a que fomos colocados desde há um ano, pôs-nos à prova em vários aspetos. Descrever as consequências que a pandemia veio causar na nossa sociedade ainda é cedo, mas não temos dúvidas que haverá muitas situações em que nos passaremos a referir como “antes e depois do Covid”.
Porém, a experiência que vivemos neste ano decorrido permite-nos já confirmar algumas crenças sobre as quais há uns tempos ainda se estabeleciam dúvidas e algum debate:
Começarei pela Saúde, se o nosso País não tivesse um Serviço Nacional de Saúde e ainda com muito do espirito com que António Arnaut o idealizou, não teríamos jamais condições de fazer face às necessidades e pressão a que este setor foi sujeito.
Na Ciência, veio-se demonstrar quanto é mais importante investir na investigação na área da saúde em detrimento de investir numa ciência biológica e tecnológica belicista como, ainda há poucos anos víamos os países em corrida, na denominada Guerra Fria.
Na economia verificámos que apesar das grandes redes de distribuição e do avanço da indústria, a agricultura continua a ter um papel fundamental nas economias locais e nacionais.
No setor social confirmamos o quanto é importante o papel das IPSSs e das autarquias nesta área e o quanto representam estas almofadas de apoio nas nossas sociedades envelhecidas.
Em termos da política e economia internacional, o que teria sido de nós se estivéssemos “orgulhosamente sós”, como teríamos capacidade para negociar uma vacina e acesso ela? Como teríamos capacidade para a recuperação económica sem a ajuda da proclamada “bazuca Europeia”? onde está o discurso dos que eram contra a adesão à CEE?
No Mundo do trabalho e nas relações laborais também aprendemos algo, os que estivemos tão radicalmente contra o “Ley Off”, não se imaginávamos que (apesar dos abusos) pudesse vir a ter uma aplicabilidade tão útil. Situação idêntica com o teletrabalho, os preconceitos ideológicos não favoreceram que fossem melhor definidas as regras desta modalidade de trabalho e hoje sentimos falta desse ajustamento…
A questão do Mundo Global, quando sorriamos sobre a “teoria do caos” de Edward Lorenz e a tese do “efeito borboleta”, não pensaríamos que um viris fruto de uma mutação genética surgido numa cidade do interior da China se poderia propagar tão rapidamente e causar tantas alterações no mundo…
Por último o ambiente, muitos ainda duvidavam da importância de preservar este planeta e da interdependência que todos temos dele, parece que muitos menos ficarão com essa dúvida depois desta crise pandémica.
Pela primeira vez vemos os Governos dos Países ricos a preocupar-se com a vacina nos países pobres…
Se alguém tinha dúvidas que esta bola chamada Terra é apenas uma Aldeia Global…