Ex. mo diretor
do Correio de Caria
Junto lhe envio um pouco em estilo de “carta aberta”, este primeiro texto de “preocupações”. Como sabe sou daqui natural, mas estive muitos anos fora e na aposentação resolvi voltar à minha aldeia, ao aqui voltar e pelas experiências que colhi, acompanham-me algumas preocupações que gostaria de partilhar:
Antes de mais, gostaria de agradecer ao “ Correio de Caria” o excelente dia que nos proporcionou ao assinalar o terceiro aniversário do jornal, no dia 8 de janeiro. O Fórum, promovido nesse dia, contou com a participação de brilhantes oradores que, com as suas intervenções, muito contribuiram para o conhecimento e enriquecimento desta zona do interior.
Possivelmente, tal como eu, todos chegámos curiosos e expectantes e, tenho a certeza, saímos muito satisfeitos e mais enriquecidos. Pela minha parte, o meu muito obrigado a todos.
Não posso deixar de não apresentar o meu pedido de desculpas por ter monopolizado uma parte do debate. A todos aqueles que “roubei” tempo para as suas intervenções, o meu sincero pedido de desculpas.
Como muita coisa ficou por dizer, gostaria de levantar algumas questões, nesta carta aberta.
Não podemos apenas pensar na industria do turismo para a nossa região, que considero muito importante, esquecendo as outras indústrias e a agricultura, setores tão cruciais. O que fazer por estas duas áreas?
O que fazer pela agricultura?
A Adega da Covilhã, fundada em 1954, tão importante para os agricultores da região, acabou por entrar em insolvência. Em setembro de 2016, a direção da Adega pretendia avançar com um Plano Especial de Revitalização, o qual acabou por não ser aceite, devido ao elevado valor da dívida. Assim, a insolvência foi a solução encontrada. Tanto quanto sei, o património móvel da Adega foi vendido a um empresário de Arruda dos Vinhos. O património imóvel continua sem comprador.
Esta insolvência também teve repercussões negativas no concelho de Belmonte.
O que fazer?
Onde há trabalhadores para as tarefas agrícolas?
São mais as ofertas que a procura. No site https://pt.indeed.com/, são muitas as ofertas de trabalho no setor agrícola. Não sei se haverá candidatos!!
Como motivar os jovens ou os desempregados – de curta ou longa duração – para a agricultura?
Todos conhecemos o abandono agrícola em Portugal, visível em todas as regiões do país. Na nossa região, a baixa produtividade do trabalho agrícola e o elevado grau de envelhecimento dos agricultores são uma realidade.
Já em janeiro de 2003, um relatório realizado por um Grupo de Trabalho Agro-ambiental, “concluiu que largas dezenas de milhares de explorações irão desaparecer nos próximos anos, dando origem a problemas cuja repercussão social, económica, cultural e ambiental não podem ser ignorados…”
O Primeiro Ministro na sessão de apresentação da Agenda de Inovação para a Agricultura 2020-2030, no Cartaxo, em 11 de setembro de 2020, afirmou que a agricultura tem vindo a desempenhar um papel fundamental na economia portuguesa. «O Investimento em inovação é crítico para o futuro da agricultura. Temos de produzir mais num contexto em que os recursos escasseiam e as alterações climáticas nos colocam desafios muito particulares»
«A agricultura dá um contributo inestimável para a regulação das alterações climáticas e o ambiente é indispensável para subsistência da agricultura».
https://www.portugal.gov.pt/pt/gc22/comunicacao/noticia?i=inovacao-tem-sido-fundamental-na-agricultura-em-portugal
Em janeiro de 2003, constatou-se a realidade do abandono agrícola. Estamos em 2023.
O que fazer pela agricultura de minifúndio no nosso concelho?
Como transformar, na prática, todas estas palavras que se ouvem dos nossos governantes?
Se me permite, e porque o texto já vai longo, na próxima edição partilharei outra parte das minhas preocupações.
Com as Melhores Saudações
Dulce Cariano
Malpique- Caria