O novo Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, esteve neste domingo em Belmonte numa cerimónia de registo da Herança Judaica neste concelho.
Jorge Henriques Santos
Uma sessão de apresentação da reedição do Livro de “Inscrições Hebraicas em Portugal” de Samuel Schwarz e a inauguração da exposição e cerimónia de doação da escultura “Menoração” de Ari Erom, bem como a assinatura de protocolo de cedência de espólio de Samuel Schwarz ao Museu Judaico de Belmonte, teve lugar neste domingo, dia 29 de Maio, no Museu Judaico de Belmonte.
A Cerimónia contou com a presença do Presidente da Câmara de Belmonte, António Rocha, João Schwarz, neto de Samuel Schwarz; o professor José Tavim, da faculdade de Letras de Lisboa e a professora Antonieta Garcia, professora Jubilada da UBI e autora de várias obras sobre o criptojudaimo e a presença dos Judeus em Belmonte; contando também com a presença do Ministro da Cultura Pedro Adão e Silva e a deputada do Circulo de Castelo Branco, Paula Custódio Reis.

Num primeiro momento o artista plástico Ari Erom, apresentou a sua exposição, patente no Museu Judaico, denominada “JUDAICA 2022”, e foi descerrada a escultura “Menoração”, oferecida pelo artista ao Museu Judaico.
Seguiu-se a Cerimónia de apresentação do Livro de segunda edição de Samuel Schwarz, “As Inscrições Hebraicas em Portugal” a qual foi dinamizada pelo seu neto João Schwarz que explicou o propósito da presente obra, uma vez que a primeira edição da autoria de seu avô foi editada há cem anos, depois da qual já foram descobertas novas inscrições em todo o País e para a qual desafiou o investigador José Tavim, para organizar este trabalho, a Câmara de Belmonte para o patrocinar e a Editora Colibri, para a respetiva edição.
Samuel Schwarz, foi um notável estudioso judeu polaco viveu a maior parte da sua vida em Portugal, engenheiro de minas, começa em 1915 a trabalhar nas minas de volfrâmio e estanho em Belmonte e Vilar Formoso, ocasião em que se apercebeu da presença judaica em Belmonte, a qual mantinha as suas tradições em segredo, mas era igualmente desconhecida de toda a Diáspora a nível Mundial. Desenvolveu um apurado estudo e investigação sobre a presença dos Judeus em Portugal que versa sobretudo a história, cultura e religião do povo judeu, conservando obras que datam desde 1510 a 1953.
O catedrático José Tovim explicou genericamente o percurso de recolha documental para esta obra, revelando algumas curiosidades relativas à cultura judaica.
A professora Jubilada da UBI, Antonieta Garcia fez testemunho da sua experiência com os Judeus de Belmonte, bem como alguns aspetos curiosos desta comunidade, referido-se depois a Samuel Schwarz, como uma figura incontornável no estudo e estimulo da presença Judaica, tanto em Belmonte como Covilhã e toda a região. Atribuindo-lhe grande contributo na senda da comunidade Judaica de Belmonte que por si foi bastante estimulada.
António Dias Rocha, presidente da Cãmara, agradeceu e registou a honra de acolher em Belmonte este conjunto de personalidades, apresentando Belmonte como terra de acolhimento, tolerância e multiculturalidade. Desafiando os ministros e deputados a virem cá mais vezes, pois “Belmonte está apenas a três horas de Lisboa e aqui serão sempre recebidos de braços abertos”
Pedro Adão e Silva que confessou não conhecer Belmonte, ser a primeira vez que aqui vem, mas também ser ministro a primeira vez, revelando porém trazer o trabalho de casa feito. Realçou que a nossa cultura se faz de uma encruzilhada de culturas com herança de várias influências, referindo que Belmonte é um exemplo de tolerância para que a perseguição religiosa nunca tenha lugar. Concluindo que “o lugar da tolerância é o lugar da democracia e é também o lugar da liberdade”.