Mais de 50 tratores e mais de 120 participantes incorporaram a caravana que percorreu o concelho no 1º Encontro de Trator da Freguesia de Caria, que decorreu no passado domingo 3 de abril.
A “proposition” começou a perfilar-se um pouco antes das nove horas, enquanto o “Staff” administrativo, fazia o “Check in”dos participantes, “anilhava os candidatos ao almoço” e entregava as “T-shirts” alusivas ao evento…
Pelas 10 horas o presidente da Junta de Freguesia Silvério Quelhas, fez os avisos de segurança e as recomendações para bom funcionamento da prova, “os tratores mais pequenos à frente, atrás o Aníbal depois os tratores maiores e os muito grandes, atrás de todos”. Feita a “proposition” de acordo com a indicação seguiu a caravana para a estrada.
Uma exclusiva brigada de motards, constituída por um grupo de voluntários motociclistas garantia a segurança da prova, com regulação do transito e orientações aos pilotos em prova.
Em cada “checkpoint” o sistema de comunicação dos motards mostrava a sua operacionalidade, o contingente de jornalistas e repórteres fazia o registo do momento e os tripulantes saudavam alegremente transeuntes com a vivacidade própria.
O percurso indicava a “mui nobre Aldeia de Malpique” e disse quem já tem muita idade e a conhece há muitos anos, que nunca esta terra tinha assistido a igual contingente de transito, nas suas pacatas e esburacadas ruas…, nomeadamente a polémica e mediática rua do Álamo.
Ali no emblemático Centro Cultural e Recreativo de Malpique, já o “staff” ainda fresquinho saído das últimas eleições, esperava a caravana, garantindo toda a logística para o primeiro reforço alimentar: Sandes de presunto, fiambre, queijo, mistas; Cerveja, vinho, águas, sumos vários e até, um cafezinho…
Reforçado o estômago, a coluna tratorista ruma a Belmonte e segue-se a mesma operacionalidade: a segurança motard nos cruzamentos, os repórteres no registo do momento e os tripulantes na saudação aos transeuntes.
Entra a soberba caravana na vila sede do concelho e parece tratar-se de uma grande manifestação de agricultores, ou que pelo estremecer das ruas, o barulho dos motores e as noticias da TV, levem o belmontense ainda ensonado a imaginar-se de repente, em Kiev, ou Mariupol.
O rumo é no sentido do castelo e parece “a Primavera de Praga”, ou a chegada da cavalaria de Santarém a Lisboa, na madrugada do 25 de Abril, as ruas são demasiado estreitas para as viaturas maiores e estas têm de dar a volta e subirem pelo lado do cemitério.
Ali uma importante representação “do Alcaide” assumida pelo vice-presidente da Câmara e também cariense, Paulo Borralhinho, recebe a caravana, faz as honras de anfitrião e agracia cada “piloto” com um kit da autarquia, constituído por: um boné, duas máscaras, um frasco de gel e um calendário.
Como isto de conduzir tratores desgasta e cansa, ali ocorreu um segundo pequeno-almoço, já que a carrinha dos mantimentos seguia sempre no fim da caravana.
Refeito o estômago, saudados os convivas e feita a devida homenagem a Cabral, seus ascendentes e seu altaneiro castelo, retomam-se os lugares, ligam-se reatores, aquecem os motores e segue o contingente pelo lado nascente até à rotunda da vaca, depois rotunda do padrão, cruzamento da estação, Belmonte Gare, Carvalhal Formoso e aqui a descoberta do CECURD.
Na emblemática associação o seu presidente e atual presidente da Junta de Inguias, Luís Adolfo, acompanhado de outros diretores, fazem as honras da casa e recebem os convivas com mais iguarias alimentares, onde não faltavam desde os bolinhos secos, o vinho do Porto e o Moscatel…
Torna-se cansativo e pesado o circuito desta coluna tratorista, já que de tanto comer e beber, se sabia que o almoço seria uma feijoada no Monte do Bispo e ainda haveria uma outra paragem na Quinta dos Termos. Foi assim que para lá se seguiu, parece que a marcha ficava progressivamente mais lenta.
Na Quinta dos Termos os proprietários Pedro e João Carvalho, fizeram a receção da caravana. O engenheiro têxtil herdeiro e dinamizador da propriedade, recebeu toda a comitiva e até disse que “com tantos tratores e ele a precisar tanto de trabalho nas suas terras…”. Fez uma apresentação da quinta onde o seu maior expoente é o vinho e através do qual se atirou também para outras duas explorações, uma na Lageosa (Castelo Branco) e outra no Pocinho (região do Douro). Houve depois uma visita à Adega e a tradicional prova de vinhos, onde apresentou um branco de seleção e um tinto “Reserva do Patrão”.
Cá fora houve quem não resistisse ao malogrado presunto que desde o início da prova circulava pendurado no balde do último trator. Navalhinha afiada, lasca por lasca, era só levar a carcaça já aberta e cortar para cima…
Já a manhã ia longe e o sol começava a declinar quando se rumou para a última etapa, a derradeira para criar no estômago o espaço para o almoço.
Chegados à emblemática Aldeia do Monte do Bispo, já o largo das festas e o terreno em frente se encontravam preparados para receber a “cavalaria pesada” com estacionamento que desse para todos. Seriam mais de 150 os convivas para o almoço onde tudo decorreu muito organizado e sem stress. Não faltou a animação, para além da concertina que vinha acompanhando a caravana desde o início, agora o grupo de “tocadores” era reforçado com outro fole e um bombo.
Imensa comida, com caldo verde, feijoada, pão e fruta, regados com cerveja, sumo ou vinho da região. Com um “grãozito na asa” e cada um mais “alegrete”, o entusiasmo era maior e as vozes mais altas, já que estes encontros/convívio também marcam o quebrar do jejum causado pela famigerada pandemia e o regresso à uma vida social a que estávamos habituados e nos faz muita falta…
jhs