Assinalar este aniversário dos 50 anos, é hoje, para muitos, falar de um passado distante na memória, com muitas leituras e diferentes emoções. Mas, felizmente, continua a ser um acontecimento em que a generalidade dos portugueses se revê mesmo em tempos difíceis.
Já lá vão 50 anos que passam desde a revolução dos cravos, pode parecer um período curto aos da minha geração – na casa dos sessenta – entretanto muitos milhões de portugueses terão nascido depois dessa data.
Para quem não se recorda, o MFA (Movimento das Forças Armadas) definiu três objectivos para um acontecimento na história de Portugal que ficou conhecido como “A Revolução dos Cravos”: democratizar, descolonizar, desenvolver. Vamos lá! Sobre a democracia, mais uma vez Churchill acertou: confirma-se que é a pior forma de governo com excepção de todas as outras formas de governo já experimentadas na história. Sobre a descolonização, feita de erros indesculpáveis e de equívocos benévolos e de tropeções políticos, confirma-se: só o tempo mostrará às novas gerações a pátria da língua e da cultura comuns. Sobre o desenvolvimento, sobretudo com recurso a fundos comunitários (muitas vezes malbaratados), é consensual: Portugal (Continente e Regiões Autónomas), 50 anos passados, está significativamente diferente para melhor, só não o vê quem o não quer ver.
Dito isto, é tempo agora de saber como é que aqueles três objectivos se manifestam na Cova da Beira, cinquenta anos passados. Este sim, este é um busílis daqueles! Abro, agora e tão só agora, um postigo para esse desafio/busílis (que continuo a estudar no âmbito das imensas virtualidades do “Poder Local”). Assim… Sobre democracia, recordo o papel dos autarcas desde a constituição das comissões administrativas das Câmaras e Freguesias em 1974, e de todos os autarcas desde as primeiras eleições do Poder Local democrático em 1976, até aos dias de hoje .
Sobre descolonização, emocionado e com sentido de história: evoco o sentido de pátria dos antigos combatentes e distingo o papel relevante dos ditos retornados do Ultramar. Sobre desenvolvimento, em bom rigor – como também a democracia – deve ser um objectivo permanente e continuado: destaco as obras de saneamento básico, de abastecimento de água às populações, e outras infra estruturas primárias, o desenvolvimento do regadio, a existência da A23, o Hospital Cova da Beira e a faculdade de Medicina a criação de zonas industriais, a valorização dos equipamentos educativos (com destaque especial para a UBI), sociais, culturais e realço o papel insubstituível dos nossos emigrantes.
É certo que nem tudo está feito e muito, ainda, há para cumprir, Abril é um processo em constante transformação de uma luta quotidiana e permanente.
Abril será sempre, também, uma esperança no futuro. Cumprir Abril será a expressão mais pura da nossa liberdade