Por ausência de enquadramento jurídico idêntico ao que vigora, por exemplo, para o património arquitetónico e arqueológico, têm vindo as autarquias, em alternativa e enquanto tal não se verifica, a declarar como Património Cultural de Interesse Municipal algumas manifestações culturais imateriais existentes no seu território.
Segundo a Direção Geral do Património Cultural “consideram-se de interesse municipal, os bens cuja proteção e valorização, no todo ou em parte, representam um valor cultural de significado predominante para um município”.
Assim, é de louvar a deliberação, por unanimidade, da reunião do executivo da Câmara Municipal de Belmonte ao ter classificado, neste mês de setembro, a secular Festa da Santa Bebiana de Caria como património cultural imaterial de interesse municipal.
Será mais uma achega para a sua inclusão no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, um processo de reconhecimento iniciado pelo Jornal “Correio de Caria” com o impulso do seu diretor Jorge Henriques, e levado a efeito pelo dinâmico Presidente de Junta da freguesia de Caria, Silvério Quelhas sempre com a ajuda do seu executivo e apoio de vários investigadores e bairristas entusiástas que, entre muitas iniciativas, levou à consolidação da Irmandade da Santa Bebiana como associação, à qual compete salvaguardar e promover a festa e tudo aquilo a que ela está ligado.
A festividade nestes últimos anos tem revelado um vigor que não dá sinais de esmorecer.
Aproveito para recordar o saudoso Dr. Manuel Marques do que disse numa visita à Vila de Caria nos idos anos da década de noventa do século passado, “Falei da festa da Santa Bebiana, das suas origens milenares, dos seus ritos…Parece que nos afundamos na história e pré-história…a festa da Santa Bebiana é uma das tradições mais originais de Caria”. (Estudo Monográfico do Concelho de Belmonte- Memória e História”, Edição Câmara Municipal de Belmonte, 2001, p. 307).
Oxalá, também, que esteja para breve a proteção legal da festa da Santa Bebiana no Inventário Nacional do PCI (Património Cultural Imaterial).
E, Viva a Santa!
PS. – Foi com profunda tristeza que tive conhecimento da morte do Sr. Professor Pereirinha, um Ilustre Cariense com uma vida longa dedicada ao serviço público, principalmente ao ensino. Foi meu Professor nas décadas de sessenta/setenta do século passado – antes do 25 de Abril – na escola primária das Quintãs, numa altura em que nos Três Povos (Escarigo, Quintãs, Salgueiro) havia seis aulas de ensino com centena e meia de rapazes e raparigas nas três aldeias, hoje em dia há a escola do Salgueiro com 3 ou 4 alunos, até quando?
Bem Haja pelo que me ensinou a mim e a tantos. Até sempre Professor Pereirinha.