O concelho de Belmonte é um concelho envelhecido e a envelhecer rapidamente.
Regista um índice de envelhecimento de 303,0%, ou seja, 303 idosos para cada 100 jovens.
Segundo o censo de 2021, as pessoas com 65 anos ou mais representam 32,2% da população residente. A população jovem está em declínio, representando 10,6% da população.
Chegamos aqui porque se alongou a esperança média de vida e porque tem vindo a cair a natalidade, o que significa menos crianças a nascer.
Ainda segundo o censo de 2021, a população diminuiu 9,5% em 10 anos, fruto da emigração, diminuição da natalidade e da taxa de fecundidade, e por falta de condições em atrair e fixar pessoas, sobretudo, população activa, mulheres em idade fértil e jovens.
Os jovens viram as costas ao concelho à procura de um futuro mais promissor, com mais oportunidades, melhores condições de vida social e económica. Em conjunto com as famílias enfrentam o desafio de procurar uma oportunidade de crescimento fora do concelho.
O concelho de Belmonte tem tido uma preocupação crescente com os idosos. Para enfrentar este desafio, foram desenvolvidos projectos e criadas diversas estruturas para idosos (ERPIs, centros de dia, apoio domiciliário, Universidade Sénior) que visam proporcionar uma melhor qualidade de vida. Entre os projectos, destacam-se os que combatem o isolamento, promovem o envelhecimento ativo, a saúde e o bem-estar, a participação ativa na sociedade, garantindo que as pessoas possam envelhecer com dignidade e qualidade. Estes projectos incluem, ainda, atividades físicas, culturais e sociais todas desenhadas para manter os idosos empenhados e ativos.
Neste sector estamos bem e podemos vir a estar melhor se e quando for construída em Caria uma nova resposta social interessante e inovadora, chamada Habitação Colaborativa e Comunitária, cuja candidatura já foi aprovada em sede de PRR.
É uma resposta social comunitária de proximidade, que assenta em alojamento individual e familiar que inclui serviços de apoio que promovam a interação social dos residentes com a comunidade.
Um modelo que privilegia a inclusão e o combate ao isolamento de pessoas em situação de maior vulnerabilidade social, como idosos ou pessoas com deficiência, numa perspetiva de equilíbrio entre a privacidade individual e o espaço coletivo.
É um projeto para habitação (temporária ou permanente) que assenta no princípio de comunidade e colaboração. Trata-se de habitações independentes, obrigatoriamente próximas, que podem ser apartamentos ou moradias, para uso individual ou familiar, com espaços de utilização compartilhada. Por ser um projecto comunitário, transversal a todo o concelho, inovador e diferenciador deveria envolver, na sua gestão parceiros sociais, numa perspectiva de rede, apenas do nosso concelho. Temos pessoas qualificadas e entidades experientes nesta matéria, capazes de potenciar e criar sinergias para uma gestão rigorosa.
Mas como preparar o futuro do concelho de Belmonte para o envelhecimento dos novos idosos? Quais os desafios na educação, na saúde, na habitação, na política e na economia?
O envelhecimento carece de uma gestão adequada, equilibrada e personalizada e de uma estratégia de criar soluções que não passem apenas pela institucionalização dos mais idosos.
Implementar respostas personalizadas e de proximidade, que permitam aos idosos continuarem a viver no conforto das suas casas, o tempo que lhes for possível, mas também a participar na vida das suas comunidades, com segurança, mais autonomia e independência, através da conceção e execução de um Plano estratégico transversal e individual de Cuidados.
Envelhecer em casa e na comunidade (ageing in place) não deverá ser um recurso, mas antes a primeira opção, pelas vantagens de inclusão social e de recompensa emocional que traz associadas. Pretende -se ir além do reconhecimento da importância dos serviços de apoio domiciliário.
Apostar numa organização de cuidados integrados e centrados nas pessoas, a médio e longo prazo, num sistema de saúde com vigilância e acompanhamento no domicílio, prevenção e promoção da saúde, em articulação com reforço do apoio social, nomeadamente apoio permanente e regular, quando necessário, através de cuidadores informais, sistema de mobilidade eficaz e eficiente, em que seja possível a cada pessoa, planear e perspetivar cada vez mais cedo e melhor os anos em que possa vir a ter algum tipo de limitação ou incapacidade.
É necessário atrair investimentos, afim de criar empregos, melhores salários e mais riqueza, repensar a educação, adequar a habitação e acesso a cuidados de saúde.
É preciso repensar como é que isto pode ser feito e os custos que isto tem. Se calhar é mais barato do que ficar tudo institucionalizado. Belmonte não se pode transformar num lar colectivo.